quarta-feira, 22 de dezembro de 2021
SOBRE O ÍMÃ
domingo, 19 de dezembro de 2021
O Codex Seraphinianus é um lindo livro de 1970
domingo, 12 de dezembro de 2021
Inexiste o virtual (o mundo está todo recheado)
Não há virtual, a materialidade que é intensa e misteriosa.
domingo, 21 de novembro de 2021
A montanha
sábado, 20 de novembro de 2021
De volta
terça-feira, 9 de novembro de 2021
Do nariz
Vacinado, encontro amigos, tiro a máscara, patati patatá entre cuspes e lambidas, eis que sinto frio no nariz.
quarta-feira, 3 de novembro de 2021
Números, números, pequenos diabinhos. Mergulho nos números ao longo de meses, incontáveis. Olhinhos zonzos das tabelas, gráficos e proporções. Sair dos números como quem volta de um país sem língua, sem ar, sem sol, trazendo minérios profundos. Enfrentar a massa de números como quem arruma um quarto atulhado de roupas e cobertores, dobrar e passar, enfileirar, conter. Conter os números, conter seu caos de vírgulas e múltiplos! Como um eletricista, e seu emaranhado de fios, por horas procurando o mais amarelo: como um cozinheiro, enchendo de tempeiros e provando o gosto, da sua sopa de água e pedra. Números números, imagino um gráfico perfeito mas quando o faço - elegante mapa do tempo e da verdade fria - me pergunto: haverá no leitor o fôlego de nesses números também entrar, quererá o leitor essa página recheada de somas e porcentagens, ignorará ele tudo que digo, em nome de seus preconceitos e caprichos, em nome de sua verdade sem números, seu amor às coisas brutas inúmeras, sua incontabilidade nata, seu desprezo pelo ábaco e pela régua, sua religião da razão apolínea que se ergue sobre o mundo como um deus, ignorando os pequenos labores do número? Ignorando a fita métrica e o alfaiate correndo de parte em parte com seus ajustes e rabiscos... Números, números: mergulhar as mãos neles como quem as mergulha na lama, amassando o caldo numa faina tão humana, enchendo-lhe de perguntas e pequenos amores aos seus contornos e humores tantos.
terça-feira, 12 de outubro de 2021
O que está embaixo
Nadar no mar é muito diferente de nadar numa piscina de clube. Mais leve de boiar, só que eu não sinto isso, e se me perguntarem medidas físicas vou responder: mais pesada a água isso sim, mais pesadas as braçadas.
quinta-feira, 30 de setembro de 2021
Geoarquia (para ser lido como um "andarilho desmemoriado")
Aprofundando na senda de Hermes, nos passos de mercúrio. Vida de hermes, vida maldita, mal-dizida: biografia mal-escrita, cheia de barrigas e dúvidas divididas. Vida de Hermes mensageiro, levando recados para os outros, perdido nos mapas e nomes. O que está no meio entre duas pontas que nunca se dão: entre dois abismos. Entre o nada e o nada, o ser, entre o oco e a morte lá fora, hermes, mensageiro, atravessando.
quinta-feira, 23 de setembro de 2021
POIS EXISTE A CABEÇA
Pois é meus amigos. Na ponta da marionete inquieta, subindo por membros e espinha dorsal, de repente: vocês não acreditariam.
segunda-feira, 20 de setembro de 2021
sábado, 11 de setembro de 2021
domingo, 29 de agosto de 2021
Adulto (Babel II)
No turbilhão dos dias, imerso em cobranças, aflições, expectativas; imerso em medos, de redemoinho e ritornelo, de ser tragado na repetição infinita do mesmo trauma: afogando-se portanto, nos fantasmas que do futuro assomam e que são feitos dum tecido de sombras que o passado deixou; nesta tormenta! nestes dias escuros! o pensamento se agarra, como uma bóia de salvação, na ideia luminosa, neste sol que nos guia, de emergir: emergir das paixões diuturnas, emergir, emergir do mar revolto, arquear a cabeça acima das ondas e inflar os pulmões oprimidos, como um balão: subir, alçar-se aos céus, como pipa, tragar-se do elemento mar, ao elemento ar, ascender, limpar-se, secar-se, voar límpida alma livre das âncoras que a derrubam e deprimem e reprimem, libertar-se, folha que se destaca da árvore, libertar-se das travas duras que condenam a respiração.
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
Inexistem as costas
A bem da verdade, o pólo sul é nas costas, isto é: inexistem as costas. O horizonte do meu alcance, quando me arqueio buscando, atrás, conter-me como um globo, não prova meu limite: pelo contrário, é traçar uma ponte sobre o abismo. Para trás, eu caio: é o infinito. Sou uma emersão da carne em olhos e o lado Yin da frente, inatingível pelo inominável de trás. Atrás sou o mundo, eu também, cordão umbilical integral: como se eu deitasse na lama olhando o céu, sem ver meu meio corpo imerso em lama, e a lama é o mundo. Para trás, eu, ilimitado, perco-me da palavra "eu" e disperso meu ser, como a descida da montanha, as raízes profundas da consciência, provindas do todo. Eu, aflorando do infinito que vem de trás: como a terra, aflorando do mar
quinta-feira, 12 de agosto de 2021
Para Amir
Hoje de manhã acordei e de repente estava lendo sobre o que é um tal microscópio eletrônico, e outros meios mais de VER vírus, moléculas e DNA. Tentei entender o mecanismo mas são tantos níveis de abstração, parece que o trabalho está inteiro por fazer... Digo o trabalho de traduzir, o que os cientistas dizem que fazem, para uma descrição do que eles fazem em termos mais... materialistas? empiristas? fenomenológicos?
segunda-feira, 2 de agosto de 2021
Somos fantasmas
O problema do dualismo é que ele é impraticável: não entendo o seu ponto de vista, e, francamente, tampouco o meu: flutuo em meio ao debate, como uma força invisível que se move por detrás da argumentação: a lógica é um teatro de mecanismos, marionete que movemos, assistindo, fascinados, ao espetáculo.
sexta-feira, 23 de julho de 2021
Babel
Tratava-se unicamente de defender uma postura. Todas as perjúrias ao olho do sol, à desmedida, à babel que rebenta, tinham este fim. Um fim bem pequeno, ou melhor, um fim no tamanho que temos: a filosofia de ficar ao sol; de abrir os olhos e apreender a abóbada celeste, a linha do horizonte, o solo ilimitado que nos sustenta, e ter, nestas apreensões, a essência do firmamento. Um estar aqui, integral, essencial.
sábado, 17 de julho de 2021
explode anarquia na abolição do corpo em seu som
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como raízes de grama, os cabelos invadiram a pele (sou eu o pólen entre poros e pelos, plantação de mim: e meus magmas das vísceras (sou um planeta) meus órgãos imensas naves de um milhão de seres vegetais e a terra, a terra erigida em monumentos de impossível vitalidade, a terra moldada na água de desenhos vegetais) e o abismo da luz em meus nervos, quando a terra brota olhos
e um nariz
o espaço sideral é um gramado
as estrelas são bocas magníficas de emersão da luz em desenhos
o sol é meu umbigo, meu nó inverso de existir, a outra ponta do meu nervo
eu sou o mundo
"e todos os lobos viraram um: leviatã, o imenso peixe"
que engoliu uma ilha: éramos robinson erguendo casas qual porquinhos (e casas de doce ou doces para vovó), nascidos nos mitos, para sempre atravessados pela irrupção noturna do sonho
terça-feira, 13 de julho de 2021
Para Stefano
terça-feira, 6 de julho de 2021
Mico
domingo, 27 de junho de 2021
quinta-feira, 17 de junho de 2021
Chuvosa manhã de inverno
Olhando longe, lá nas árvores e no morro, tudo riscado por esse véu de cinza-branco: e o som de chhh chóóó bem suspiradinho mas vezes mil. Acordei manhã bem cedo e além disso os passarinhos-grilos, por toda parte. Mil pontinhos: como um cobertor que tudo envolve, chove nas plantas.
quarta-feira, 16 de junho de 2021
- andré aranha, 2007