quinta-feira, 23 de setembro de 2021

POIS EXISTE A CABEÇA

Pois é meus amigos. Na ponta da marionete inquieta, subindo por membros e espinha dorsal, de repente: vocês não acreditariam.

Clavículas e saboneteiras que dão no vazio, ombros e toda sua dança de gravitação, de início dos braços! de fim de pulmões e gradil de costelas!
Eis que a espinha chegou até ali, e exclama leve, aliviada: cumpriu-se o eixo das duas cinturas, a encruzilhada dos músculos, a linha-mestra cercada dos pilares: dois na frente, dois dos lados, dois atrás, mas não se engane! Os cruzamentos, a dinâmica da marcha, a dança e as árvores que ganham do vento...
Então eis que a subida termina, e enfim, no descanso, no fim dos membros tantos... Os ombros dão até um pulinho, como se não fosse com eles, mas, a surpresa! A subida continua! Existe um pescoço!!!!
Um pescoço!!! Inesperado, eu sei, eu sei, ninguém esperava por essa, e as palmas invadem o salão, gritos de bis, gritos de urra e desmaios, quem imaginaria... As cadeias continuam, os empilhamentos, as descompressões, eis que a catedral avança mais um degrau, um novo andar para o edifício, babel reencontrada e, no topo: a chaminé de fogo: os cabelos subindo como um deus: o peso de 7 quilos e 7 buracos: a pousada dos olhos comedores de luz: sim, a redonda: a esfera: a inaudita-absurda, o ponto cego visionário, a come-come, a cheira-cheira ouve-ouve e a porta dos ventos que nos carregam...
Cabeça querida, te reencontrei flutuando nesse mastreamento cruzado e perdido, nesse navio de velas emboladas, no cordame de nós cegos... Sobre tudo, sobre as águas: cá estou eu ela, cabeça em cima de mim, ou mesmo sob mim (quem disse que não estou ainda uns palmos acima, quem disse a espinha não continua no céu, quem disse o que se passa depois?)
Rainha da marionete, nua rainha deste jogo de órgãos: não é tudo sobre ti, tampouco nada sobre ti: acima, inapreensível.

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