domingo, 27 de junho de 2021

É no fundo uma questão religiosa, pois trata-se da demarcação do milagre no mundo, e de sua ausência. Pasteurizaram o mundo, demarcando-o desencantado, não-milagroso. Uma máquina de mecanismos desalmados, rangendo sua inércia limpa. Como esvaziando a sala de seu ar, em busca do inexistente: povoaram o mundo de vácuo entre átomos. Perdidos no sexo dos anjos Alma e Matéria, traçaram a fronteira rígida de onde começa a cosmogonia - criação do mundo - e a deixaram silente. Big Bang não inicia nada, não explica nada. É no fundo e sempre uma questão sobre a origem das coisas, se nada se cria, ou se existe uma criação infinitesimal mas abundante. Voltar a incluir as ilhas dos bem-aventurados - a utopia - como um horizonte terreno: Gênesis no presente, deus não se ausentou, pan-divindade. O ato genético inaugura utopia no mundo, criando o movimento: Aquiles ultrapassa a tartaruga. 

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