sábado, 22 de outubro de 2022

por que me demito

porque vi gil ao vivo e é lindo ir num recital e ser movido (e ver a turba em uníssono, viva dioníso)
porque viva vaia, viva vaia, às vezes o que se requer é realmente uma expulsão, uma autonomia
um desvencilhar-se
como uma serpente saindo da pele antiga
porque o documentário do itamar
e a gazeta, impressa
a usina
e o sul, viajar lá, a porto alegre, e ao Oeste rural
e a minha saúde, minha casa, meu aprender a cozinhar a boa comida e dar a boa festa, que a festa é uma coisa muito boa, para todos, imensa cura coletiva dar uma boa festa
includente
ser do lar uma festa includente, uma alegria
porque preciso passear em outras partes da cidade. não dá mais. já não vou há tempo demais.
porque rever maricá cdd, e rever o trem vt.
porque alerj, porque ir a bsb pesquisar na biblioteca bcb
e denunciar niemeyer
e panfletar pela reforma eleitoral do calendario e do legislativo como o pior dos poderes.
não é todo P uma arquia
o P abunda, toda a criação se faz com M e P
o movimento e a pausa, o contínuo e o descontínuo: uma metafísica que nós, muito perdidos em termos de nossa autocompreensão criativa e dos processos corpóreos da reprodução coletiva, nos atrapalhamos inteiramente na sua relação com o gênero e na relação com a política, e daí a horrorizar-se com a própria ideia de liderança e de representação, destruir imagens, vaiar até abolir, sem fundar (sem propor, construir)
eu sou estruturalista: acredito na existência da criação, de que devemos tentar controlar a magia, aprender ela, pensá-la (e não somente ignorá-la e agradecê-la, como fazem os sem produção. aquele texto de lavoie como central: nossa diferença contra eles - e é uma diferença calcada na diferença primordial DO POSICIONAMENTO QUE UMA ALMA PODE TER em termos de primavera e inverno. o dualismo maior
CONSTRUIR A PRIMAVERA, ATIVAMENTE. ela não vem sozinha, a cigarra trabalha demais.

qual meu lugar?

procurar intervir, ser invasivo, taxativo, assertivo, espaçoso até
ouvir, muito, muito atento, em golfadas intensas e diretas
as coisas estão muito aceleradas
sempre em busca da voz dela não almejo impor, realmente, o meu lar: não é a minha vida. é a dela, que ela faz como quiser
e realmentes só procurar ajudar ela, ali de dentro da biografia dela, ela mesma, a voz dela, o espaço dela.
se ela me pede uma decisão, eu sou um ouvido muito atento, procuro desvencilhá-la de ver tudo como uma catástrofe
fico feliz quando ela "tira palavras da minha boca" e ao contar todo um infortúnio e uma tristeza já conclua com a afirmação positiva: mas então perder meu alcoolismo, tem de se em nome de um novo prazer (e o esporte aparece, aquela casa, a praia... o sol...
e como se tudo isso refletisse teorias da autogestão
agora tornadas algo muito mais autônomo em relação a qualquer disto...
talvez a teoria do irmão
filhos únicos não compreendem diretamente (umbilicalmente) mas apenas através de primos
esse artesanato que é fazer corpos em série
quando a série é maior... irmandade que atravessa as idades, mediando massas de gerações: lares
manter de pé um lar
---
e mais do que brigar (no que sou mais defensivo) pratico uma desobediência
o texto da anarquia como realmente o texto principal... em que me miro, porque revela as etimologias (aquele texto foi escrito como um mapa da etimologia... e pelo seu próprio embalo se casou com o anonimato e o analfabeto de uma maneira... viva a morte do autor, evoé nós, leitores de nossas próprias autografias bios vidas
conseguir VER e designar a posição arquetípica, arcaica, arcana
que as próprias PESSOAS, enquanto vanguardas, lideranças, personalidades específicas, relações com o próprio ser que está lendo isto, que tem nome e participa de uma hierarquia específica de familiares chefes e a turba
mover-me na relação com o outro, como uma relação em que consigo PARTILHAR A AUTONOMIA DA ABUNDÂNCIA
conseguir, efetivamente, doar-se (e não envolver-se em dívidas) voltar à dádiva
VOLTAR À DÁDIVA
este o meu lugar... primavera, venha, venha
inverno, vá
de volta a conclamar a PRIMAVERA perdida nestas décadas de inverno; voltar ao imperativo telúrico da cigarra contra a formiga, da invocação da fertilidade em seu brotar (como leite e mel)
localizar o éden terreno: o princípio da geração, a criação, ocorre em tudo: tudo está se criando novamente a cada momento (e nem existem momentos, existe o tudo em expansão, a abundância jorrando em tudo que existe, pois só existe a matéria vibrando uma abundância de existir
e sim, há coisas maiores do que as pessoas.
(de volta à física de husserl, como conseguir pensar muitas pessoas, sem imaginar-se o arquiteto: como entender minha pequenez, sem imaginar-me grande, vendo essa pequenez de fora - como entender minha grandeza sem imaginar-me pequeno, vendo-me enorme assomar
como entender o meu tamanho?
a justa medida, a roupa em que caibo
as leis como calças bem ajustadas, a roupa perfeita para o meu corpo
o texto da anarquia como principal? como arquetípico, arcaico, arcano: praça, encruzilhada da metafísica, onde encontro antigas estátuas semi-enterradas. o ponto de início, e a vanguarda que toma uma decisão: ordenar; ser um bom ordenador
e viver os prazeres...? não era a ideia de epicuro, regrá-los? de fourier, uma economia (anarquista, utópica) dos prazeres?

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Inexiste o passado

Voltar a Husserl: a terra não se move; de fato, a terra não tem passado, pois é ela o eixo de onde nasço e morro: próprio solo do firmamento onde toda a existência se dá, ponto de referência primeiro, eixo zero, início, alicerce de toda a física
Invadir os cientistas com a definição matrialista da física, a definição fenomenológica baseada no fato de existirmos enquanto corpo, enquanto este corpo
Refundar a física baseada na escala humana, tátil quase, a física experiencial antes que experimental, a física intuitiva que sentimos ao defrontarmo-nos com as dimensões da grandeza, do abismo, da vertigem, da amplidão do horizonte e do muro, do movimento e do jogo dos ventos das águas das terras pedras minérios metais
Fundar a física, e dizer: além disso, é meta-física, sempre! Não me venham com experimentos, é tudo meta-física, a metafísica está presente em toda a ciência, abstratíssima, e distanciada há muito da escala humana, em seu mergulho metafísico com início há alguns poucos séculos
Voltar à física como à revolução ecológica do parlamento das coisas
Viva Bruno Latour e seu Jamais fomos modernos

A LÍNGUA ATLÂNTICA

O texto pode virar uma catedral: podemos atravessar aquela voz, aquela linha de raciocínio, com a plana visão do alto, área de polígono aéreo (vitória do leitor, que atravessa o passado)
Mas quem escreve sempre mergulha num ralo fundo, batendo com prego e dando tiro em buraco, às vezes errando o caminho (becos sem saída, esbarrões brutos)
Afinal escrever é abrir as palavras para torcerem tudo que digo: entrar remando com a canoa nas águas da fala, e daí a navegar nestas miragens, esbarrar em estátuas colossais meio mergulhadas na água, de um continente afundado
Atlântida, as ruínas das palavras, emergindo do nada com seus contornos, volumes, e que então nós vestimos: feitas de penas raras e braceletes, ossos em colares, chapéus, calças e sapatos: o puro signo artesanal, que guarda os formatos de sua simples herança
Língua, "a menos natural possível", "a completamente arbitrária": e daí a amar suas especificidades, língua minha querida
Língua com que almejo fundir almas em um laço
Língua-Laço: filha da Luz, anterior à Lei
a Linha com que costuro
a letra L: esta miragem que encontro, este colosso saindo das águas, a ascensão da letra L erguida aos céus e à altura
L a Atlântida em que esbarro, ao mergulhar nas palavras arbitrárias, e ver ruínas de uma sabedoria maior, por debaixo dos signos
sabedoria dos deuses antigos (não existe o passado, anulemos a história)

sábado, 1 de outubro de 2022

Xenofonte

porque o trabalho do economista ainda é o de xenofonte
- fundador da palavra economico em seu diálogo Eiconomicós -
lavrar e defender uma terra, sob um sol: colher frutos de um terreno de natureza
defender Eco o lar, a casa, e a família e os agregados em reprodução
e alimentação, a arte de organizar uma cozinha (e uma despensa) sempre cheias
de alegria de funcionamento pacífico, fluindo para a abundância de todos
outro livro do xenofonte é a Anábase: Ascensão, subida
da raiz Aná-logo Aná-lise Aná-tomia Aná: subida
distinta de An-árquico
e o livro conta a história de sua "gestão" num exército que, após uma invasão à pérsia, depois de muito tempo tem que fugir, e ele ajuda a organizar as tropas a ir saindo dessa enrascada e voltar à sua terra natal
Aná-base, a história de uma arquia ou an-arquia (que vontade de escrever: aná-rquia, an-ábase)

sábado, 10 de setembro de 2022

7 de setembro?

1822 foi nada. a data importante ainda vem e é 7 de abril de 2031, 200 anos da revolução brasileira
hino a esta terra amada do brasil e sua terra, a paisagem e o país, a matrilinha ela mesma: a região onde estou. hino a onde estou, onde é meu lar, hino à minha terra (anterior aos nomes) ela mesma
eis um texto então como uma rádio mec e roquette-pinto , após o hino, temos na programação de hoje uma peça sobre a descida da luz na matéria (metafisicamente) e depois da peça temos um registro técnico sobre a importância das nuvens no pensamento.
INÍCIO DA PEÇA
A COR - Como um quatro de copas, alinhado ao travesseiro. Alegoria do quatro-pontos, etcétera, abismo.
O FIGURA - Falas através de enigmas. Posso falar diferente: o texto tem uma métrica oral, toda frase se lê aos fôlegos, e é possível ir subindo a fala (o raciocínio) de pouco em pouco, até qualquer lugar! Falar dos temas mais difíceis, de maneira clara!
A COR - Dizes Clara? Pensas que dominas a arte das escadas? Constróis com as plantas, e tua razão? Posso percebê-lo como Clareiridade, a inauguração da Clareira da luz - na floresta, em meio ao ofuscado, o fora da luz e dentro da mata.
FIG - Talvez seja isso mesmo, criar a arte da fala, essa métrica, como um iluminista que vem e pousa na cidade, trazendo a luz de banquete para seus concidadãos. A cidade, que existe dentro da mata-planeta. Um iluminista e seus raciocínios, suas investidas aos trôpegos... nos levará a toda a realidade.
COR - Mas e os avistamentos? Os saltos que não se alcança pelos incrementos? Avistamentos vívidos e visíveis da evidência? A visão?Quando vemos, e apontamos, e sabemos que não é pela minha visão que os outros vão ver aquilo sob a luz. A iluminação da luz: o milagre de algo se evidenciar na clareira. A brilhanteza de uma idea pulsando como um avistamento: como exclamar "Eureka! Tenho a solução do problema" como levantar um estandarte das grandes bandeiras
FIG - Chegaste ao ponto exato: bandeiras. Bandeirante, fascinado com seu poder de dominação corpórea sobre a existência, eu irrompo (agora sim) sobre as matrilinhas, com minha patrilinhagem.
COR - Sabe, é recente a descoberta de que as patrilinhas é que são linhas, quando a teia das matrilinhagens engloba as próprias linhas, em seu trançado. Sim! Viva Zapata! Viva Bachofen e seu livro Direito Materno, inspiração
FIG - Eis que tu, também, assumes uma patrilinha: falas de um iluminista que pousou com sua nave, ergues uma bandeira...
COR - Veja bem para onde diriges teu olhar! A bandeira da não bandeira, no seio da matriexistência das forças impulsoras sob a própria forma, no amorfo solo freático da impossibilidade de seu conhecimento piramídico...
FIG - Piramídico?
COR - Não passarás! Cada gesto guiado pela Vontade, Vênus da matrilinha que Rege as rédeas dessa matéria: sob as Formas da Luz, o rugido da matéria!!!
E o duelo prosseguiu, inexistência adentro, como raízes - como chuva penetrando - se ramificando e desfazendo-fundindo - como mergulhar no sono, de volta à nascente do rio, de volta à nuvem
FIM DA PEÇA
E aqui um registro, apenas para registro.
Se estamos convencidos de que é preciso resgatar o projeto fenomenológico primeiro, de Husserl eu acho, de derrubar a física (e toda a metafísica que lhe acompanha, com suas analogias) piramidal, e reinstituir a física humana, na escala humana; se neste projeto queremos por limites metafísicos a qualquer empreendimento de pensamento de determinado tipo, e se então recusarmos a priori qualquer raciocínio que se arvore árbitro-deus, que se erga à pirâmide em algum momento do raciocínio e se assuma, mesmo que por um momento, que é um extra-humano, uma visão do alto - em suma, em uma recusa meticulosa à visão do alto -
Então que poderiam ser as nuvens???? Onde não existimos??? Onde subimos em gestos de loucuras naves e quedas absurdas, pássaros e vento sons e correntes nuvens? nuvens onde jamais entramos, realmente - onde nunca enraizamos, onde não moramos - Que seria morar numa nuvem? ou num tornado de nuvens em seu roar de trovão? Nuvens, que só vemos, avistamentos... A altura se desfaz quando não globalizo (quando recuso o deus do globo) e assumo o deus terra como ponto de partida para a física, como solo onde enraíza a lei natural da física, a natureza ela mesma, a terra
Que seria, para essa metafísica fundada na terraqueidade da terra e de todo nosso pensamento... que seria morar na lua? Mas é claro que lá - lá não pensaremos igual.
Que poderiam ser as lindas nuvens que avistei, essa manhã, nas praias da terra brasilis, senão os deuses (são tantos deuses) o mar brasilis... derreter a palavra pátria em sua raiz, remover o enxerto e proclamar-se
200 anos da revolução brasileira de 31, a expulsão portuguesa e a instauração do após.
analfarrábio

quinta-feira, 7 de julho de 2022

HIPNOTICAMENTE o envelope se entreabria. A fresta negra rompendo-se em duas faces, onde antes era a linha. E de dentro desses lábios, qual uma língua mas de luz, desvelou-se o conteúdo. Agora, o envelope, antes plano, ganha volume. E suas dobras triangulares, como clavículas instalam o barco. O envelope flutua nas águas, aberto, oco. O encerado do papel-cartão, impermeável, guarda um interior quente, o ar parado e o segredo. O que havia no envelope? Por detrás de seu véu? 

sexta-feira, 3 de junho de 2022

EPISÓDIO 12 - O ENVELOPE


Alerta: búlgaros invadiram a espaçonave. Alerta: código vermelho. Búlgaros invadiram a espaçoporta.
O agente Dicksey sabia que era o seu grande momento. A armadilha estava em curso, o envelope negro no local certo. Cento e dez soldados da nação inimiga, como patinhos adentrando a boca do lobo. Um golpe de mestre.
Alerta: búlgaros encontraram o envelope. Alerta: abriram o envelope. Alerta: o envelope estava vazio!! Búlgaros furiosos!!! Começa uma rebelião!!!
Dicksey se joga no chão atirando raios de violeta ypsilon dezessete. Eis uma granada em sua mão: eis que explode!!! Urra!!!! Irra!!!!
Um búlgaro do tamanho de um armário surge com um machado faiscante. Dicksey nem pisca. Outro búlgaro, do tamanho de uma cama king size. Dicksey estático. Um terceiro búlgaro, desta vez das propoções de uma casa. O sangue de Dicksey já nem circula. Mais um búlgaro, dessa vez maior que um ônibus, que um prédio, meu deus, é uma máquina de matar!! Dicksey!!! Dicksey!!!! Dicksey???
- Doutor, o coração dele está parado... há dias... era tudo uma ilusão.
Eis que a armadilha se fecha sobre todos os soldados como um desfecho finalíssimo e bem calculado para nossa aventura. Mais uma vez, Dicksey salvou o dia. Obrigado Dicksey. A Terra pode voltar a dormir tranquila.
(Continua...)

sábado, 28 de maio de 2022

INEXISTE O ÁTOMO

Quanto mais fundo, mais doido
Uma loucura que não é de fragmentos minúsculos piscando sem relação
Não existem os átomos, minúsculos: só existem pedaços
existem escalas intermediárias entre o infinito e o nada
Uma loucura de regiões e massas, imensos constructos inerciais de sociedade e natureza se movendo pelo tempo
E nós humanos que somos minúsculos átomos
Nós mesmos uma consciência tripla bipartida um enxame de consciências fragmentárias anatômicas sem átomo
E ao redor a anatomia anárquica subindo como uma anábase análoga 

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Essa pressão por produzir, ininterruptamente: e quanto mais sei, maior a pressão de botar para fora, disseminar
Todos precisando disseminar, e cada vez mais, as importantes coisas que sua mente registra
Valor desmesurado

Por que as principais funções (as príncipes) estão todas negadas, são as mais sucateadas: impossível o leviatã sobre o óbvio, ele é sempre o absoluto inverso.
Por que a economia sempre dita ao contrário, como o impossível

E inda assim, o poder da escrita, e de disseminar ideias: que poder

sábado, 14 de maio de 2022

O que mais resta? que não um bom papo: e a possibilidade de explosão da linha da vida. Eis a ode à poesia: o instante explode. E também não: grossura da vida de um tronco largo. Ser uma árvore e com seus galhos: todo mundo pendurado. E também joguete: um súbito ódio, uma súbita paixão que inflama. Árvore fonte de fogo e expulsão, como o colosso da marcenaria, o ídolo-lenha amedrontando. Infinitamente pela palha, ou pela pedra profunda; que o fogo os leve. 

sexta-feira, 6 de maio de 2022

 

Dias loucos
Que é a verdade?
Números, pequenos diabinhos
e a Verdade: quem vence o duelo
Mar de letras em que nos metemos
símbolo dos diábolos,
a moeda bifacetada da história
Corpo vibra um silêncio além da fala
além do tempo contado
astropelado de oitomóvel

domingo, 1 de maio de 2022

 

Vem por aqui, dizem-me alguns
com olhos doces
esperando certos e seguros de que seria bom que eu os ouvisse.
Quando me dizem: vem, vem por aqui
Eu olho-os com olhos lassos
e há nos meus olhos ironias e cansaços
eu cruzo os braços
e nunca vou por ali
A minha glória é esta
é criar desumanidade em não acompanhar ninguém
porque eu vivo com o mesmo sem-vontade com que rasguei o ventre à minha mãe
Não não vou por aí
eu só vou por onde me levam meus próprios passos
Se vim ao mundo foi somente para desflorar florestas virgens e desenhar meus pés,
na areia inexplorada
O mais que faço,
é quase nada
Como pois sereis vós que me trareis machados, ferramentas e a coragem para cumprir meus obstáculos?
Corre nas vossa veias
o sangue velho dos avós
e vós amais o que é fácil
Eu amo o longe e a miragem
amo os abismos, os desertos...
Ide,
tendes estradas,
tendes tratados,
tendes filósofos,
tendes sábios, Eu
tenho a minha loucura
e levanto-a como um facho
a arder na noite escura
e eu sinto cântico nos lábios
- cântico negro
lido por maria betania
lembrado meio erra

sábado, 19 de março de 2022


um avestruz num balão
um balão debaixo da terra, e um avestruz sobre ele
uma ave que estruz, avestruz

ave (voraz vírgula) 

domingo, 6 de março de 2022

Recapitulemos portanto o período 1997-2000, 1998 a transição para o segundo mandato de FHC, e sobretudo os grandes enfrentamentos de 1999.
Nestes anos, o câmbio fixo instituído com o Real desde 1994 vai sendo prorrogado a um ponto cada vez mais insustentável no balanço externo. Enquanto isso, avança o programa de privatizações em grandes setores de indústria pesada: petroquímico, siderúrgico, elétrico, transportes; aliada à abertura à participação do capital estrangeiro. Os bancos privados passam pelo PROER em 1995 ditando muitas fusões e incorporações, concentrando o mercado; os bancos estaduais começam a ser privatizados iniciando com o Banerj em maio/1997 e acordos em torno do Banespa. Nesse contexto é aprovada em junho a EC 16/97 permitindo a reeleição; o PSDB detém a presidência e o governo de RJ, MG e, é claro, SP, além de aliados em RS e BA.
O PROES privatizando os bancos estaduais deslanchará em 1997 a reboque da instituição dos Programas de Ajuste Fiscal (PAFs) ao abrigo da Lei 9.496/97 com prazo para os acordos até abril/1998. Todos os estados assinam acordos de PAF dentro do prazo, com atraso de alguns meses do RS. Mas o RJ não consegue entrar, e o pré-acordo assinado pelo governador do PSDB Marcelo Allencar, assim como o que ele fizeram pelo Banerj, parecem piores do que o feito no restante da federação. O Banerj fora dividido em dois, vendida a parte "boa" ao Itaú por moedas podres da privatização do setor elétrico (a parte "ruim", o "Berj", manterá a folha de funcionários e alguns passivos, num limbo até 2011 ser vendida por Cabral ao Bradesco).
1999 se inicia com o ex-presidente Itamar Franco assumindo o governo de MG e já em janeiro decretando suspensão de pagamentos à União. Com este impasse, a frágil situação cambial é detonada, cai o presidente do BC Gustavo Franco em uma reorganização que culminará com a posse de Arminio Fraga em março, instituindo em junho o Regime de Metas (que vigora até hoje) e o tripé macroeconômico (câmbio flutuante, metas de inflação, e de superávit fiscal). No plano interno, Itamar logo sofre arrestos da União em suas receitas, desatando celeuma judicial; e no mês seguinte junto aos demais governadores de oposição assina uma "Carta de Porto Alegre", reivindicando mais autonomia financeira e fiscal.
O ano de 1999 transcorre então com o avanço de privatizações e o alívio de caixa por elas proporcionado para os estados, enquanto FHC tenta desmobilizar a criação de uma frente de governadores. Itamar ficará até o ano seguinte no tensionamento, chegando a colocar a PM-MG para impedir a privatização de centrais elétricas - o que será crucial para manter Furnas e Eletrobras, além da mineira Cemig, como estatais. Em paralelo, estados menores como Pernambuco e Alagoas precisam de ajuda com dívida mobiliária estadual emitida após 1993 (ano de sua proibição) por uma brecha na lei; a Lei Kandir, assim como a Desvinculação de Receitas da União da época, retiram receitas estaduais; o novo Fundef transfere orçamento aos municípios.
Mas em 1999 quem tomará a cena, na oposição feita pelos governadores, será o governador do RJ pelo PDT, Anthony Garotinho. Acontece que o RJ ainda estava com rabo preso à negociação básica da dívida do estado, em fraca posição de barganha, portanto. Em meados do ano, após muita pressão, uma MP abre novo prazo para instituição de PAF, que RJ e Brasília utilizarão, enquanto em março o Senado concordara desfazer o antigo pré-acordo PAF do RJ. Para aderir ao PAF em outubro, já sem ter o que vender, o RJ faz a primeira securitização de seus Royalties do petróleo, entregando os direitos futuros para a União.

O atraso na entrada do RJ então é essencial para, após a eleição de 1998, o governo federal enfrentar os novos governadores, tendo um dos principais estados opositores amarrado ainda a um passivo insustentável, com baixas condições de barganha. A posição de força de Itamar, que desde a Carta de Porto Alegre defendia o enfrentamento de FHC em bloco, é dissipada pela cooptação dos demais estados. No início de 2000, com RJ já incluído, Itamar cede a pagar a dívida; a LRF é assinada em maio. 

sexta-feira, 4 de março de 2022

Teorias econômicas do federalismo

Se em geral as teorias partem de uma unidade, e pensam sua relação com um coletivo alheio, a teoria do federalismo, com sua reunião voluntária de regiões escapa ao modelo simples da cidade-estado, ou do estado unitário: é preciso introduzir as escalas de articulação regional.

Para uma teoria do regionalismo, já foi tentada a teoria centro-periferia. Esta trata de um sistema global com países centrais, donos do capital financeiro de que nós, periferia, pegamos empréstimos (até pelas nossas importações). Trata do mercado monetário internacional, em que somos sujeitos a baixas cíclicas na taxa de juros e na oferta creditícia decididas pelo centro global. No regionalismo interno ao Brasil já foi tentado utilizar o mesmo referencial.
No entanto, a dependência criada nas relações externas é muito distinta das dependências internas em um país, isto é, em uma mesma área fiscal-monetária. Por mais que haja discussões históricas sobre o diferencial de acesso a crédito em diferentes regiões do país, e a ideia de uma região sugar fundos da outras; a unificação monetária, da taxa de câmbio a ela relacionada, e do sistema fiscal nele impresso é que medeiam a relação de toda a região, via unidade de conta, ao comércio internacional.
De fato, a unificação monetária nas mãos de um banco central controlador de uma taxa de juros é uma situação institucional relativamente recente na história mundial. O Brasil teve uma longa história de tensionamentos e rupturas com o Padrão-Ouro, para decretar soberania monetária em 1933 (Franco, 2017) e defendê-la contra a dolarização que se abateu sobre seus vizinhos. O Brasil, na América Latina, é hoje um país que goza de um elevado grau de soberania monetária, e atua de certa forma como um país central frente a seus vizinhos ainda mais periféricos: possui bancos que endividam e multinacionais que vêm investir.
Mas voltando à dependência criada entre as regiões internas do país, internamente, por conta da unificação monetária, a relação de São Paulo com o Nordeste sempre foi de outra natureza. Tal constatação foi defendida por Wilson Cano (1975, 1981) que assinalava as complementariedades de um mercado nacional, e a constatação das possibilidades de desenvolvimento autônomo de regiões periféricas com diferentes níveis de "atraso".
A complementariedade das regiões é bem aprofundada na "Crítica à Razão Dualista" de Francisco de Oliveira (1972). O desenvolvimento capitalista interno ao país, dada a sua inserção cambial no mercado internacional, guardava uma relação de simbiose entre os setores "moderno" e "atrasado" do país, que se manifestava por diversos canais - seja por geração de divisas, a estruturas escalares do federalismo.
Nada disso é abordado na teoria monetarista, baseada na abolição institucional do banco desenvolvimentista sem restrição de endividamento, e em ignorar a importância dos assuntos de intervenção monetária. Enquanto isso, a teoria estruturalista latinoamericana, desde o clássico ensaio do argentino Raúl Prebisch (1949), advoga a essencialidade, tanto da coligação de regiões periféricas em blocos regionais, como também da política monetária ativa em termos de crédito (a começar pelo crédito público), para superação da condição periférica e concretização do desenvolvimento autônomo.
Ainda assim, o diagnóstico do "centralismo monetarista" foi o núcleo vencedor das reformas institucionais levadas a cabo nos anos 1980 e 1990, e redator da história econômica do período. Esta história econômica, vista da distância de um "Keynesianism vs. Monetarism in economic history", é apenas mais um caso de extremismo do pólo metalista, contra o pólo papelista; até cair num dualismo tão extremo que perca sua funcionalidade. Mas foi com este simplismo que foram reformados o sistema tributário, as estatais, e decidida a gestão dos passivos. Este simplismo a todo tipo de corte justificava, e a nenhuma despesa pública defendia; de fato, faltassem os impostos, deveriam ser extintas as despesas, sendo o crédito (a orientação ativa do sistema, para dar-lhe rumos) sempre visto como um erro.
Foi feita a reforma federativa do sistema de acesso a crédito, pela sua extinção para os estados somada à imposição de pagamentos de dívidas equivalentes a "fatores previdenciários" da repartição de receitas. Fazia-se assim uma grande reorganização de passivos, reorganizando as capacidades futuras de despesa. Assim, reorganizou-se o acesso ao crédito público, na medida em que toda permissão de despesa pública é uma impressão de dívida, pois aumenta o ativo do setor privado; e todo imposto sua supressão - sendo as transferências intra- mas também inter-orçamentárias meras ficções contábeis internas ao setor público, sem utilizar o acesso a crédito ilimitado que significa sua soberania monetária.
Tal reorganização exprimiu forte caráter regional, pesando nas regiões centrais. Pelo desenho das instituições tributárias, do regime administrativo e previdenciário do funcionalismo, pela distribuição regional dos passivos urbanos (deseconomias de aglomeração sem infraestrutura), e dos ativos ambientais, das potencialidades regionais, o Brasil assumiu fortemente uma hegemonia deslocada dos antigos centros. A capitalidade de Brasília se firma com a decadência das antigas indústrias e a ascensão do Novo Oeste, confirmada pela dominância do Senado e, em última instância, na própria política econômica da União.
A redistribuição de passivos entre União e estados, pautava-se em culpabilizar comportamentos passados, e impor cortes generalizados, "homogêneos" e "isonômicos" ignorando por completo as assimetrias dos próprios desenhos constitucionais em jogo, assim como das relações econômicas das regiões e seu poderio político.

Em suma, incompreendia-se a característica do federalismo de tratar de dois níveis de governo para um único território (e não para dois territórios diferentes). Isto é recorrente ainda hoje em documentos oficiais: acusam o Governo do Estado do RJ de causar um ônus à União "ou seja, ao resto do país". Por participar da Federação, o território do RJ compõe tanto o Governo do Estado, quanto a União - isto é, também o território do RJ arca com o ônus de seu Governo do Estado, através da União. Assim, no federalismo, as repartições tributárias entre os entes tanto são transferências entre territórios e regiões distintas (e portanto estados distintos) como repartições internas a um mesmo território, em sua repartição escalar do Erário.

Operou-se portanto uma reforma de forte centralismo federativo, ignorando apelos constitucionais por descentralização estadual - que antes haviam ocasionado a própria abertura política, mas que foram sufocados nos 1990 no presidencialismo municipalista que se instalou. A justificativa econômica ignorava o redesenho do acesso a crédito então planejado, com a imposição de austeridade nos estados das regiões centrais, e certa benesse de estados de menor expressão.

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Menos FMI-BR, mais OMC-BR

Como a subordinação da Lua em relação à Terra escapa à subordinação da própria Terra ao Sistema Solar (assim como os anéis de Saturno, as luas de Júpiter) - é possível uma escala intermediária de articulação entre regiões do planeta (as ilhas, a costa, o interior), anterior à distância global. 

sábado, 26 de fevereiro de 2022


Cada vez pior na poesia,
o poeta ataca com o pior poema de sua carreira.
Ao lê-lo,
amantes da poesia reveem suas amadas
e aqueles pouco conhecedores
a recusam com ódio,
com júbilo,
com razão.
De tal forma é a recusa
que não há poesia depois do poema
um poema indefensável e abolível
e mais um outro, e mais um.
Cada vez pior na poesia, o poeta imprime palavras falsas
seu poema é torto, não é poema
a língua se desaprende e se desfaz.
E em seguida ao poema,
um alívio, o reencontro
tudo é melhor que ele
e ele é pior que nada - e de poema em poema
o poeta afunda
em um poço da poesia perdida
como um cego apalpando a poesia das tábuas enterradas
um poeta perdido no tempo e nas letras
e cada vez mais, e cada vez mais
uma poesia esguichando feito baleia
dum ser marinho, mergulhador
desafeito ao livre curso das narinas, à livre voz, ao livre cantar.
E encerrado num mar profundo, o poeta rima
o nada com coisa nenhuma, em linhas sobre linhas
num empilhamento de babel
que é o que sobra, que ele deixa
em seu perder-se
piorar-se
desfazer-se
perdidamente tragado pelo céu, ou pelas profundezas
perdidamente perdido
e sem poesia
palavras as mais tolas, som o mais oco, rima a mais vaga
poesia finalmente inútil
poesia ponto de chegada, inútil
ponto de parada, e cada vez mais
imóvel
uma poesia parada, e cada vez mais
E em declive prolongado
a poesia desmancha
como uma espuma, e o poeta estoira
como uma onda rebenta nas praias
e sua escrita, aguerrida
como as colunas de mar desabando
o poeta desaba, a poesia
sem nem onde pisar, poesia poeira
uma poesia defeita 

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Capítulo 6 (final)

...O audacioso Flippert então mergulha no vulcão de Ogismond, sabendo ser essa a única alternativa para a salvação.

A lava ao seu redor forma colunas de mármore e molares da garganta de uma grande boca.
- EU SOU O MUNDO FLIPPERT, E VOCÊ VAI SER MASTIGADO
Flippert foi transformado em geléia de movimento sísmico, massarica de petrolatum pílvico, etc etc
Os jornais lamentavam: "Nosso herói, ergamos uma estátua"
Mas na verdade Flippert não pulara: quem pulara fora uma casca que o Mundo comeu enganado;
Flippert ria: "Deuses derrotados, sou poderoso de uma figa, vôo morro e engulo raio"
Nosso herói Flippert então encontrou o Dragão de Ogismond. Era uma figura terrífica: pelos dentes longuíssimos, a garganta obscura, a rigidez dos olhos titânicos, o rabo em forma de flecha...
Bem simplesmente o Dragão comeu Flippert e acabou a história. Os jornais choravam: "Era nosso herói, desde o vulcão"
Mas sem perceber a homonímia do Dragão e do Vulcão, lhes escapava o cerne da história.
Sim! Pois Flippert já tudo planejara:
- "Estive tramando por anos e anos, e agora é chegada a hora"
Ogismond inflamou-se e de súbito Flippert debandava. "Não tenho como resistir a isto, são flâmulas enfeitiçadas".
Os jornais entram em êxtase, e Flippert compra o exemplar do dia. Napoleão é rei de França, Flippert, de Europa.
- "Não estou na Europa, é uma cilada!" Flippert com sua espada. Perfura o peito do Conde de Q. Que espirra sangue, derrotado.
Flippert reina na primeira página, invicto, ilegível
- FIM, FLIPPERT! Largue esses bonequinhos! (flippert debatia-se na lava)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

DA LUZ E DOS OLHOS (apolo, o rosto de dionísio)

Nos perdemos na matéria que nos cerca: não se existe, a rigor; o verbo nunca se conjuga na primeira. Existimos em coletivo como irrigações da autoconsciência do corpo populoso de vias e nódulos irradiando, e este supercorpo da sociedade-organismo tem o formato terrestre, intercontinental, de cidades dispostas como um círculo ou uma flor ao redor do polo norte.

Desvencilhar então da primeira pessoa, e dessa visão seccionada de tudo. Abrir-se a uma consciência contínua, infinita, e profundamente material, com um formato específico: e vestir esse formato. Reeditar as Leis da matéria agora como chaves que revelam a matéria subjacente, e trazem à autoconsciência coletiva o seu reinar ininterrupto. Trazer à luz, enunciar o discurso que produz a forma a partir da matéria, em que é o barro quem assume feições vindo de baixo: e finalmente ver a forma que a matéria assumiu, não como um acaso, mas como a expressão profunda de suas leis e vontades subterrâneas.
Leis da própria matéria, legisladora, que como um Gêiser irrompe em Rosto: as leis da matéria são legiferadas pela PRÓPRIA matéria. Descobrir a Cabeça-da-matéria, o símbolo concentrado, o furo no breu, a língua, as partes baixas; ruptura da cerca, porta que se abre e fecha, olho, que se cerra à chave da Vontade material que ali vigila. Descobrir que nosso corpo-múltiplo, e o corpo do mundo, se autorrege, titã, imperador real e infinito em meio a tantas finitudes imaginadas.
E daí ao próprio formato da matéria, a própria geologia do mundo, sua interligação mineral com a natureza, o império da água, do vento e das estações do ano, com a fartura de vegetais e corpos regrada sob o ciclo do Sol, o próprio formato das palavras, e das letras, e da luz com suas cores e calor, as forças visíveis da física, (e apenas as visíveis) as forças na medida de sua visibilidade, a forma das catapultas das colunas pirâmides e dos relógios naturais. A arte dos instrumentos musicais com proporções e sutilezas, a concretude dos ritmos em que pulsam sanguíneos os corações, e daí aos próprios corpos, à medicina e meu corpo: o formato das ilhas, o formato da barriga, as constelações, o solstício e o orvalho
Enxergar-se como um sistema sanguíneo, como um eu-radícula, ridículo entre oito bizavós
núcleo da teia, Rosto
Individuação do contínuo
Ponto-clímax duma matéria: o seu significado, seu nome e sua memória, sua consciência narrativa

sábado, 12 de fevereiro de 2022

O BALÃO VOA BEM PESADO

Como um ponto final que, pesado, segura o balão após a tremenda travessia, e permite recarregar.
O eixo, pesado, que aderna a massa de lençol
Como um naufrágio redemoinha as águas em mergulho
Ou uma nadadeira
(e os remoinhos)
O titã se ergue das profundezas da terra
Ele que, atlas, era a própria raiz da terra
Se insurge e se ergue, e sai da boca do inferno
O demônio que reina, o rosto do mundo
seu reinado
- Como um botão pesado, que sustenta a firmeza da camisa, uma abotoadura, um nó prendendo tecidos
Como uma asa costurada de tecido e nós
Como asas
Como ter a força de subir escadas com prazer
Como respirar bem
Narizes respiradoiros
Poema telegramático de flashes de irrelação entre o pêso do botão e a alma do mundo
como um balão que pousa, pesado, e depois se alça em vôo que repousa
o repouso entre-movimento, a linha d'água que divide o dualismo, aqui-lá e a linha
entra numa casa de luzes
perfeita
ruas retas e a terra
a terra tão profunda (plana plana plana infinita para meu ser de geometria circular) terrra reta
(um anagrama, terra, rreta)
- o balão redondo brilhando no céu
reino do vento e dos astros, meteorologia e uma linda visão da astronomia diária do mundo
o balão inflado de pesado, descendo como um ponto final mergulha a implosão da "força normal" antigravidade antinewton
o balão mergulhando como um ponto final que afunda newton às profundezas da terra
restando, aos astros
a livre astro-nomia livre
livres astros
sem física a lhes reger: astrofísicos
retida a terra, na terra
"o que está embaixo, embaixo (a terra)
o que está no alto, no alto (o céu)"
(duas físicas separadas)
e o balão mergulha como um raio numa pedra de ponto final.
viva o balão!
viva, a utopia
a estrada é: para cima!
a Lei reinará na Luz, avenida do céu, a Língua Lei
Livre, dando à luz
Como uma prece que se perde no reto para cima
L
sobre T a terra em sua direção profunda de terrena
O balão mergulha como um ponto, pesado, uma grande pedra que carrega, mergulha no centro centrífugo de uma geometria circular.
Ele, balão, que navegava o anti-infinito espacial dos ventos
e das avenidas de ventos
como um balão
navegando
como um navio dos ares;
- viva o balão
em que navego
e pouso como um raio
e como um ponto final (uma pedra no térreo)
(san
)tiago
)go
)
)
.
__________________________________________
uma pedra
|
|
|
|
. o térreo
--
fim
-
-
- mas em mergulho pra trás, na pré-cabeça
o titã sai pela nuca, em inferno
como atlas segura a terra
- sobe um eixo nas amarras infladas do ar quente
balão do mundo, pulmão-folha respirácea das plantas em vento, umidade, musgo e orvalho (o orvalho perdido);
- balão se ergue, balão voa pisando o antichão da bússola lá de cima, de onde se vê o pólo magnético
- e como um mastro desce macio sobre um lençol de orvalho, rede de pesca desce um céu à caça de estrelas
numa filosofia de térreo;
- viva o ar
viva, para cima!
a direção aulé
aulé: do grego, espaço sem teto, espaço de livre conexão para cima
espaço de antigravidade, de expressão da "normal" sobre os astros
saula de vetor vertical (terra) espaço de aulé
(subir as aulas como um avestruz sobe a cruz,
e daí descer ao vento)
a filosofia nasce no sol, centro do céu e do tempo
reina em espelhos e sombras
e não reina, império da terra e de titãs
viva o balão, que nos alça ao monte olimpo
um pré-futurismo, uma fascinação
a viagem doméstica de balão
no pós-mundo, no passado paralelo
nos textos de magia que newton lia quando entrava no espelho
reinar como um balão mergulha como uma agulha perfura o lençol de orvalho, rasgando-lho com sua pesca de estrelas no afundamento do círculo de cada esférico eu
(eu círculo que me fecha em meu umbigo e dali meu infinito mistério-origem, genealogia M a matéria P a faísca fogo, a abelha e as flores, mãos irmãos e o real)
- reinar como uma avenida aérea (reinar é avenidar o céu) redividir o reino dos céus
e o reino da física e newton
restituir a lei da gravidade a seus constituintes eu duma ordem justa
- redividir com uma justiça de zíper, que ajusta
as massas de pele e músculo e gordura e entranhas-ossos, o corpo em seus segmentos enredados pelas roupas de lençol e de nós de vela e de mastros, de massa enredada
de vento, afinal é tudo vento
mas não ser meramente aéreo
ser como um balão
que perfura o lençol da geometria
descendo do reino dos céus
como um profeta e um raio
como um mago
infinito navegando céus e suas lunetas
e o céu tão lindo que ele veja
ele balão (esse olho)
um furo de luz para o olho
essa luz (um balão caindo com estrondo)
um balão mergulhando como uma agulha, um balão agulhando em seu perfurar
como uma agulha de raios
costurando a eletricidade sobre a teoria superfísica, onifísica, unifísica (astrolábios de newton murmurando)
e o balão lhe pegando
como um raio
extremamente pesado, de repente
um balão que implode de de repente pesado como um raio
"eu sou a chuva" eu precipito da nuvem que eu me tornara
balão: o estado aéreo; maior; o estado nebular, que fura como agulha quando se precipita a colher orvalho
em sua rede circular
como uma gota imita o balão
em seu perfurar do andar térreo
mas o balão é pétreo e plúmbeo
e mergulha
com o peso de todos números de pesado, muito multiplicados: como uma locomotiva, como um tiro num furo
mergulha (se atira) o balão;
então calmo
o balão repousa
perfurando o céu com a nossa ida (aos céus)
uma costura-mapa de astrônomos, astronautas
baloeiros nefelibatas
então mergulhos ante a caça, ante os filhos do sol ( o buraco sol, umbigo-cu da anulação total
o simplesmente imperador único de toda história e toda a humanidade em seu sol (seu dia, sua noite e suas estações)
o balão mergulha atravessando a lua
o balão atravessa a lua, como uma agulha
deixando formar a sombra e o cercado
uma gota se precipitando para cima, um furo ao contrário

a lua atravessa o sol como uma agulha, e o sol mergulha como um círculo no ilimitado (o sol é finito, a terra, infinita; para mim, para cada) O BALÃO VOA BEM PESADO

Como um ponto final que, pesado, segura o balão após a tremenda travessia, e permite recarregar.
O eixo, pesado, que aderna a massa de lençol
Como um naufrágio redemoinha as águas em mergulho
Ou uma nadadeira
(e os remoinhos)
O titã se ergue das profundezas da terra
Ele que, atlas, era a própria raiz da terra
Se insurge e se ergue, e sai da boca do inferno
O demônio que reina, o rosto do mundo
seu reinado
- Como um botão pesado, que sustenta a firmeza da camisa, uma abotoadura, um nó prendendo tecidos
Como uma asa costurada de tecido e nós
Como asas
Como ter a força de subir escadas com prazer
Como respirar bem
Narizes respiradoiros
Poema telegramático de flashes de irrelação entre o pêso do botão e a alma do mundo
como um balão que pousa, pesado, e depois se alça em vôo que repousa
o repouso entre-movimento, a linha d'água que divide o dualismo, aqui-lá e a linha
entra numa casa de luzes
perfeita
ruas retas e a terra
a terra tão profunda (plana plana plana infinita para meu ser de geometria circular) terrra reta
(um anagrama, terra, rreta)
- o balão redondo brilhando no céu
reino do vento e dos astros, meteorologia e uma linda visão da astronomia diária do mundo
o balão inflado de pesado, descendo como um ponto final mergulha a implosão da "força normal" antigravidade antinewton
o balão mergulhando como um ponto final que afunda newton às profundezas da terra
restando, aos astros
a livre astro-nomia livre
livres astros
sem física a lhes reger: astrofísicos
retida a terra, na terra
"o que está embaixo, embaixo (a terra)
o que está no alto, no alto (o céu)"
(duas físicas separadas)
e o balão mergulha como um raio numa pedra de ponto final.
viva o balão!
viva, a utopia
a estrada é: para cima!
a Lei reinará na Luz, avenida do céu, a Língua Lei
Livre, dando à luz
Como uma prece que se perde no reto para cima
L
sobre T a terra em sua direção profunda de terrena
O balão mergulha como um ponto, pesado, uma grande pedra que carrega, mergulha no centro centrífugo de uma geometria circular.
Ele, balão, que navegava o anti-infinito espacial dos ventos
e das avenidas de ventos
como um balão
navegando
como um navio dos ares;
- viva o balão
em que navego
e pouso como um raio
e como um ponto final (uma pedra no térreo)
(san
)tiago
)go
)
)
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uma pedra
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. o térreo
--
fim
-
-
- mas em mergulho pra trás, na pré-cabeça
o titã sai pela nuca, em inferno
como atlas segura a terra
- sobe um eixo nas amarras infladas do ar quente
balão do mundo, pulmão-folha respirácea das plantas em vento, umidade, musgo e orvalho (o orvalho perdido);
- balão se ergue, balão voa pisando o antichão da bússola lá de cima, de onde se vê o pólo magnético
- e como um mastro desce macio sobre um lençol de orvalho, rede de pesca desce um céu à caça de estrelas
numa filosofia de térreo;
- viva o ar
viva, para cima!
a direção aulé
aulé: do grego, espaço sem teto, espaço de livre conexão para cima
espaço de antigravidade, de expressão da "normal" sobre os astros
saula de vetor vertical (terra) espaço de aulé
(subir as aulas como um avestruz sobe a cruz,
e daí descer ao vento)
a filosofia nasce no sol, centro do céu e do tempo
reina em espelhos e sombras
e não reina, império da terra e de titãs
viva o balão, que nos alça ao monte olimpo
um pré-futurismo, uma fascinação
a viagem doméstica de balão
no pós-mundo, no passado paralelo
nos textos de magia que newton lia quando entrava no espelho
reinar como um balão mergulha como uma agulha perfura o lençol de orvalho, rasgando-lho com sua pesca de estrelas no afundamento do círculo de cada esférico eu
(eu círculo que me fecha em meu umbigo e dali meu infinito mistério-origem, genealogia M a matéria P a faísca fogo, a abelha e as flores, mãos irmãos e o real)
- reinar como uma avenida aérea (reinar é avenidar o céu) redividir o reino dos céus
e o reino da física e newton
restituir a lei da gravidade a seus constituintes eu duma ordem justa
- redividir com uma justiça de zíper, que ajusta
as massas de pele e músculo e gordura e entranhas-ossos, o corpo em seus segmentos enredados pelas roupas de lençol e de nós de vela e de mastros, de massa enredada
de vento, afinal é tudo vento
mas não ser meramente aéreo
ser como um balão
que perfura o lençol da geometria
descendo do reino dos céus
como um profeta e um raio
como um mago
infinito navegando céus e suas lunetas
e o céu tão lindo que ele veja
ele balão (esse olho)
um furo de luz para o olho
essa luz (um balão caindo com estrondo)
um balão mergulhando como uma agulha, um balão agulhando em seu perfurar
como uma agulha de raios
costurando a eletricidade sobre a teoria superfísica, onifísica, unifísica (astrolábios de newton murmurando)
e o balão lhe pegando
como um raio
extremamente pesado, de repente
um balão que implode de de repente pesado como um raio
"eu sou a chuva" eu precipito da nuvem que eu me tornara
balão: o estado aéreo; maior; o estado nebular, que fura como agulha quando se precipita a colher orvalho
em sua rede circular
como uma gota imita o balão
em seu perfurar do andar térreo
mas o balão é pétreo e plúmbeo
e mergulha
com o peso de todos números de pesado, muito multiplicados: como uma locomotiva, como um tiro num furo
mergulha (se atira) o balão;
então calmo
o balão repousa
perfurando o céu com a nossa ida (aos céus)
uma costura-mapa de astrônomos, astronautas
baloeiros nefelibatas
então mergulhos ante a caça, ante os filhos do sol ( o buraco sol, umbigo-cu da anulação total
o simplesmente imperador único de toda história e toda a humanidade em seu sol (seu dia, sua noite e suas estações)
o balão mergulha atravessando a lua
o balão atravessa a lua, como uma agulha
deixando formar a sombra e o cercado
uma gota se precipitando para cima, um furo ao contrário
a lua atravessa o sol como uma agulha, e o sol mergulha como um círculo no ilimitado (o sol é finito, a terra, infinita; para mim, para cada)

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astropolítica astromatemática, o mapa

anulada a tabua de esmeralda, abolido o newton: enfim começando

o que está embaixo, é como o que está embaixo
o que está no alto é como o que está no alto
e todas as coisas se desfazem e refazem
como um milagre das múltiplas mãos-mães
o sol é seu pai, baleia é sua mãe
o lento o trouxe em seu ventre
mas é ela é sua motriz
matriz
motrz
e receptáculo (do ceptro
receita cítica
copta