Nos perdemos na matéria que nos cerca: não se existe, a rigor; o verbo nunca se conjuga na primeira. Existimos em coletivo como irrigações da autoconsciência do corpo populoso de vias e nódulos irradiando, e este supercorpo da sociedade-organismo tem o formato terrestre, intercontinental, de cidades dispostas como um círculo ou uma flor ao redor do polo norte.
Desvencilhar então da primeira pessoa, e dessa visão seccionada de tudo. Abrir-se a uma consciência contínua, infinita, e profundamente material, com um formato específico: e vestir esse formato. Reeditar as Leis da matéria agora como chaves que revelam a matéria subjacente, e trazem à autoconsciência coletiva o seu reinar ininterrupto. Trazer à luz, enunciar o discurso que produz a forma a partir da matéria, em que é o barro quem assume feições vindo de baixo: e finalmente ver a forma que a matéria assumiu, não como um acaso, mas como a expressão profunda de suas leis e vontades subterrâneas.
Leis da própria matéria, legisladora, que como um Gêiser irrompe em Rosto: as leis da matéria são legiferadas pela PRÓPRIA matéria. Descobrir a Cabeça-da-matéria, o símbolo concentrado, o furo no breu, a língua, as partes baixas; ruptura da cerca, porta que se abre e fecha, olho, que se cerra à chave da Vontade material que ali vigila. Descobrir que nosso corpo-múltiplo, e o corpo do mundo, se autorrege, titã, imperador real e infinito em meio a tantas finitudes imaginadas.
E daí ao próprio formato da matéria, a própria geologia do mundo, sua interligação mineral com a natureza, o império da água, do vento e das estações do ano, com a fartura de vegetais e corpos regrada sob o ciclo do Sol, o próprio formato das palavras, e das letras, e da luz com suas cores e calor, as forças visíveis da física, (e apenas as visíveis) as forças na medida de sua visibilidade, a forma das catapultas das colunas pirâmides e dos relógios naturais. A arte dos instrumentos musicais com proporções e sutilezas, a concretude dos ritmos em que pulsam sanguíneos os corações, e daí aos próprios corpos, à medicina e meu corpo: o formato das ilhas, o formato da barriga, as constelações, o solstício e o orvalho
Enxergar-se como um sistema sanguíneo, como um eu-radícula, ridículo entre oito bizavós
núcleo da teia, Rosto
Individuação do contínuo
Ponto-clímax duma matéria: o seu significado, seu nome e sua memória, sua consciência narrativa
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