1822 foi nada. a data importante ainda vem e é 7 de abril de 2031, 200 anos da revolução brasileira
hino a esta terra amada do brasil e sua terra, a paisagem e o país, a matrilinha ela mesma: a região onde estou. hino a onde estou, onde é meu lar, hino à minha terra (anterior aos nomes) ela mesma
INÍCIO DA PEÇA
A COR - Como um quatro de copas, alinhado ao travesseiro. Alegoria do quatro-pontos, etcétera, abismo.
O FIGURA - Falas através de enigmas. Posso falar diferente: o texto tem uma métrica oral, toda frase se lê aos fôlegos, e é possível ir subindo a fala (o raciocínio) de pouco em pouco, até qualquer lugar! Falar dos temas mais difíceis, de maneira clara!
A COR - Dizes Clara? Pensas que dominas a arte das escadas? Constróis com as plantas, e tua razão? Posso percebê-lo como Clareiridade, a inauguração da Clareira da luz - na floresta, em meio ao ofuscado, o fora da luz e dentro da mata.
FIG - Talvez seja isso mesmo, criar a arte da fala, essa métrica, como um iluminista que vem e pousa na cidade, trazendo a luz de banquete para seus concidadãos. A cidade, que existe dentro da mata-planeta. Um iluminista e seus raciocínios, suas investidas aos trôpegos... nos levará a toda a realidade.
COR - Mas e os avistamentos? Os saltos que não se alcança pelos incrementos? Avistamentos vívidos e visíveis da evidência? A visão?Quando vemos, e apontamos, e sabemos que não é pela minha visão que os outros vão ver aquilo sob a luz. A iluminação da luz: o milagre de algo se evidenciar na clareira. A brilhanteza de uma idea pulsando como um avistamento: como exclamar "Eureka! Tenho a solução do problema" como levantar um estandarte das grandes bandeiras
FIG - Chegaste ao ponto exato: bandeiras. Bandeirante, fascinado com seu poder de dominação corpórea sobre a existência, eu irrompo (agora sim) sobre as matrilinhas, com minha patrilinhagem.
COR - Sabe, é recente a descoberta de que as patrilinhas é que são linhas, quando a teia das matrilinhagens engloba as próprias linhas, em seu trançado. Sim! Viva Zapata! Viva Bachofen e seu livro Direito Materno, inspiração
FIG - Eis que tu, também, assumes uma patrilinha: falas de um iluminista que pousou com sua nave, ergues uma bandeira...
COR - Veja bem para onde diriges teu olhar! A bandeira da não bandeira, no seio da matriexistência das forças impulsoras sob a própria forma, no amorfo solo freático da impossibilidade de seu conhecimento piramídico...
FIG - Piramídico?
COR - Não passarás! Cada gesto guiado pela Vontade, Vênus da matrilinha que Rege as rédeas dessa matéria: sob as Formas da Luz, o rugido da matéria!!!
E o duelo prosseguiu, inexistência adentro, como raízes - como chuva penetrando - se ramificando e desfazendo-fundindo - como mergulhar no sono, de volta à nascente do rio, de volta à nuvem
FIM DA PEÇA
E aqui um registro, apenas para registro.
Se estamos convencidos de que é preciso resgatar o projeto fenomenológico primeiro, de Husserl eu acho, de derrubar a física (e toda a metafísica que lhe acompanha, com suas analogias) piramidal, e reinstituir a física humana, na escala humana; se neste projeto queremos por limites metafísicos a qualquer empreendimento de pensamento de determinado tipo, e se então recusarmos a priori qualquer raciocínio que se arvore árbitro-deus, que se erga à pirâmide em algum momento do raciocínio e se assuma, mesmo que por um momento, que é um extra-humano, uma visão do alto - em suma, em uma recusa meticulosa à visão do alto -
Então que poderiam ser as nuvens???? Onde não existimos??? Onde subimos em gestos de loucuras naves e quedas absurdas, pássaros e vento sons e correntes nuvens? nuvens onde jamais entramos, realmente - onde nunca enraizamos, onde não moramos - Que seria morar numa nuvem? ou num tornado de nuvens em seu roar de trovão? Nuvens, que só vemos, avistamentos... A altura se desfaz quando não globalizo (quando recuso o deus do globo) e assumo o deus terra como ponto de partida para a física, como solo onde enraíza a lei natural da física, a natureza ela mesma, a terra
Que seria, para essa metafísica fundada na terraqueidade da terra e de todo nosso pensamento... que seria morar na lua? Mas é claro que lá - lá não pensaremos igual.
Que poderiam ser as lindas nuvens que avistei, essa manhã, nas praias da terra brasilis, senão os deuses (são tantos deuses) o mar brasilis... derreter a palavra pátria em sua raiz, remover o enxerto e proclamar-se
200 anos da revolução brasileira de 31, a expulsão portuguesa e a instauração do após.
analfarrábio
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