quarta-feira, 10 de setembro de 2025

O único herói SINGRAVA como um skate cortando os mares de sal azul: o céu vimbrava em negro, além das estrelas, nessa nave-vida que preencho de vontade viva e minha opinião decisão ininterrupta de existir eu vontade eu O ÚNICO HERÓI da minha narrativa mas, que diabos, da própria EXISTÊNCIA DO SER DO TUDO e todo mundo.
SOLIPSISMO ABSOLUTO: somos uma nave no vácuo, chegamos no futuro. Nossos corpos singram perdidos da consciência. Que antigamente, primordialmente, naturalmente, originalmente seguindo o caminho da origem e da reprodução do tempo e da estrutura da corporalidade e do espaço-território, física imediata dos corpos - em que sou ÚNICO, eu, UNO. A unidade do mundo. Não o mundo dos teóricos, o mundo que abarca a todos. Não, eu sou o mundo antes, o mundo imediato: tudo. É tudo. Na verdade é tudo.
Necessária superação de Babel. A punição divina. Necessário retorno à linguagem primeira. Efetivar uma real aliança de COMUNICAÇÃO.
DESTINO, JOGANDO-ME COMO UM DADO
mas eu recuso a existência do azar: vou matá-lo, os azares proliferaram como ratos invadindo sua despensa. Taquemos veneno.
TAQUEMOS VENENO NOS TABLÓIDES QUE FALAM DE MORTE EM TODAS AS BANCAS DE JORNAIS (e nas tvs celulares etc) TODOS OS DIAS. Tentando nos atrair para um vórtex de morte fantasiada.
VENCIDA A REPÚBLICA, O QUE ENCENARÍAMOS? Qual a fantasia que instituiríamos?
Pois sim. Sou um constitucionalista. A Politeia platônica (viva Graça e o livro VIII) viva a ilha de Paquetá. José Bonifácio, o 7 de abril de 1831 que supera em tudo o de setembro alguns anos antes.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Utopia tá tudo bem

ao Vidi e à Graça
Tenho um amigo que insiste na pergunta: o que é a utopia? o que seria? ele fica perguntando, tentando desenhar esse mundo tão longe.
Lembro de coletar umas frases antigas: as ilhas dos bem aventurados, a terra de onde jorram leite e mel, a abundante calípolis a bela cidade. Meu amigo se inquieta na indefinição dos seus eixos, nas dúvidas sobre o que vai constar lá: e há extensa bibliografia de utopias, de que nós vamos juntando retalhos para montar a nossa. A comunidade das mulheres e dos filhos, a abolição (ou abundância cômica) do dinheiro, a da preguiça ociosa, a que vai ao espaço, a que reina nas artes, a suruba infinita, a que vira jardim. Isso, quando montamos utopia: hoje temos essa imagem atrofiada, pensamentos meio curtos, meio céticos. Meio preocupados demais com um mundo inescapável, total, de onde não sai mais ninguém (e imaginamos com muita força essa distopia, em mil aspectos, até doer nossa cabeça).
Pois eu li da utopia ser um imaginário de desejo, na verdade em oposição a essa política onipresente que é o reino da necessidade. E daí a utopia gozar nos detalhes da felicidade que experimentaremos ao abalroar aquelas terras, ao saltar do barco naquela praia cálida, deitar na rede, à sombra dos coqueiros...
Mas é curioso, essa referência de utopia, ameríndia, acrescentava: ...na rede, comendo boa carne do inimigo. Arre, mas terá inimigos na utopia? Vencidos, talvez, no nosso banquete: seria a utopia uma espécie de vitória bélica. Mas na verdade, não uma vitória total, nada de extermínio, de englobar o mundo no sol da nossa unidade. Um momento bom. As coisas indo bem, esse brilho que fulge numa noite. Eis que penso que talvez a utopia não seja uma cidade longínqua, não seja uma terra inalcançável, apesar do nome. Talvez seja mais simples a ideia, mais aqui.
Pensando no nome dela, e sua negação (a não-lugar) me pergunto se realmente entendo o que ele significa. Com seu u de negação absoluta, implosiva (não como o não de atrofia que é mais plano, ou arritmia em meio à explosão de ritmos fragmentários: a urritmia seria uma abolição, talvez do tempo, talvez do som)(ou u-arquia, o mundo sem princípio) o u de utopia nega o topos (da topografia de onde se fala, do tópico em debate, da aplicação tópica na parte do corpo) ela nega de maneira absoluta como o ser se opõe radicalmente ao não ser do vazio e do vácuo.
E compreendemos, por acaso, a palavra não? Meu filho se exalta, diante da proibição, exclamando não e não enquanto ri repetindo o gesto proibido. Mais do que um desafio, ele apreende o que é negado: negar é afirmar, é reificar muito o que se nega a ponto daquilo existir latente enquanto não é feito. É um critério vigente por debaixo? É o interior vazio do vaso, com sua forma moldada; é o fundo onde desenho meu contorno: aquilo que se faz presente inexistindo...
Mas chega de etimologia, misteriosa, hermética, ainda sem respostas para mim. Que seria a utopia? Pois é que gosto da ideia de ser simples, um bom momento. Quando tudo vai bem: talvez a utopia não seja longe, e esse imaginário não requeira lunetas que nos afastem de agora. Talvez cheguemos na utopia afundando no agora: a utopia é um presente, quando as coisas vão bem.
Chegamos na ilha dos bem aventurados, e era o próprio barco, um dia que termina tranquilo, as crianças dormindo, a barriga cheia, o corpo com poucas dores e preocupações, distraído. Que delícia a distração. Imaginar uma brincadeira, fantasiar, ou mais ainda: repetir uma rotina com grande sabor, um dia como todos os outros mas também único. E vamos dormir pensando que as coisas vão bem. Que a terra hoje deu o suficiente, o que bastava, bastante. A utopia é bastante.
andré

domingo, 15 de junho de 2025

cada dupla de páginas, uma extensão ao modelo. primeiro tem gastar cria: adquire algo (um valor de uso, um poder de oferta, uma entidade concreta: comida um empregado materiais alugueis tudo) e também deixa algo nas mãos de outrem: o valor de troca, o simulacro, o vale que se materializará numa compra de produto futura. é a compra atual (efeito oferta), e a compra futura (efeito multiplicador).
a destruição do papel pela sua recompra (imposto) ou sua neutralização pela dívida (e a submissão ao juro): alavancar-se
criar um vale: emitir um papel
o estado imprimindo dinheiro sem pagar juro, ao lado de entidades emitindo ativos e acumulando riqueza e bolha financeira de ativos com concentração de lucros altíssima. banco imprime dinheiro: é se alavancar num mar de semi-moedas: o oceano da reserva de valor (investir, gastar a fundo perdido).
aí existe os estados perifericos ... caramba do que eu estava falando?
a conexão entre o hermético e a multidão (a faísca em um óleo combustível derramado sobre um oceano borrascoso e blam a explosão.
escrita escrava escre-ver rever rescrita cripta escriva cravo clavo escridente estrídula entre os dentes, esgrimilho grilho estilhaça, esplaça
como falar do mais abstrato ao modelo matemático:
1) estoque de dívida B
se - sistema monetário, existe o "numerário", uma demanda relacionada ao tamanho da circulação, na prática um "imposto" uma tarifa regulatória um índice de basileia de alavancagem,
>>> calcular o quanto o brasil ganhou de senhoriagem.
2) mas e se não for monetário? dane-se, por enquanto.
B(t) = B (t-1) * (1+r) - BS
B/Y, BS/T*T/Y
3) debate sobre tamanho do BS necessário para estabilizar.
3.1) em B/Y gigante, BS perde o poder, e se r> g a única maneira de reduzir é ou entrar na dominância fiscal sobre a política monetária, ou, é claro, assistir (ou provocar) um crescimento espantoso, ou então aumentar tributos (à la Barro).
3.2) se existe "explodir", então é justificado r aumentar (existe um "estado quebrar" que se expressa na fuga cambial, não sei como seria para a nação central. Isso restringe as estimativas do modelo anterior.
3.3) MAS tem todo o arsenal Ciccone de curvas se o multiplicador for maior (e debate sobre "efeito destruidor" também)
4) cálculo para 20-30 períodos
4.a) cálculo com hipótese Ciccone, alfa positivo, trade-off
4.b.) hipótese de g com componente variável. cenários de risco. indicação de níveis seguros como f(r, g e taxa de oscilação de receitas)
5.) Debates sobre G política industrial reduzir exposição a oscilação de preços importados, reduzindo variância de g ou a necessidade de juro alto para segurar câmbio - modelo de âncora cambial no RMI
5.a) Fazer a simulação numérica de um estado que investe em política industrial que reduzem r (movem a curva no gráfico) e permitem a trajetória do Estado ir se movendo no tempo (o eixo x é o tempo, o eixo y é B/Y mas que no gráfico ao lado mostra as curvas de r-g, e no outro a zona r e g
5.b) o "trade-off" déficit na petrobras: aumenta G, mas reduz r, e com certeza deve causar Y extra pelo efeito oferta, isto é reduz r-g, e ainda tem efeito multiplicador pelas cadeias.
6) Simular estado gasta G=20 Y = 100 I+X+Ck=40, Cw = 50, M = 10.... e com T =22,5% tem 2,5% de BS e (pra B=50) aguenta r-g ser 5. Se reduzir M (cálculo), se reduzir r-g (por câmbio e i, por Y via O e via D) passa a aguentar que r-g? reduz seu "espaço fiscal"? estreita, etc.?
Na parte 2 do trabalho então repassar o modelo inteiro do potno de vista federativo: há externalidades que cada ente não capta sozniho, mas a soma deveria captar.
ESPERA. antes disso, tinha o debate que eu queria colocar antes de tudo. acho que botei la, pronto: era a resposta à mmt.

segunda-feira, 26 de maio de 2025

Achei a sua mão tão gorda. Grande, pesada, dedos grossos. Te levantar você engordou imenso, um peso que não dá pra carregar. E lavar a mão... Te olhar com outros olhos. Foram 2 dias mas tanta coisa mudou meu filho. Eu falei pra sua mãe: quando soubemos que a sua irmãzinha estava a caminho, sua mãe chorou porque sabia que afastava de você. Agora que ela chegou, a sua mãe te reencontra, cada vez mais; ainda que dividida, ela se reaproxima. Essa noite foi ela quem te acudiu no seu pesadelo; hoje vocês deitadinhos lado a lado conversando sobre a lua tava bonitinho demais. Mas pra mim não é um reaproximar, é só o início do dividido. Esses últimos meses você falou papai primeiro, a gente tava mó duplinha você só queria saber de mim. Isso é muito gostoso, ainda que seja puxado, é muito gostoso. Quando você vem e enfia a cara entre meus joelhos me abraçando. Quando no meio da noite exclama pai, paaai sabendo que eu logo virei ali te atender e ver sua fralda cheia. É uma honra ser depositário de tanta confiança, eu me orgulho disso. Essas últimas semanas então, comigo já de licença, você ficou doentinho e eu fiz mil programas contigo, inventamos a brincadeira do cadê minha banana! me dá um pedacinho! bom demais. Daí hoje com todos aqui, ou ontem quando vocês se conheceram e eu queria te pôr pra dormir no teu quarto porque na sala sua irmã já estava dormindo... acho difícil imaginar o que você está sentindo sem entrar numa pilha de projeções muito racionais. Eu fico me sentindo sufocado por você estar aqui e não ser o centro da minha anteção, me sinto duplamente sobrecarregado, você é tão intenso, sua irmã tem exigências incontornáveis... Acho que me dá esse desespero de não conseguir lidar com os dois, e num sentido mais profundo, não entender qual eu amo mais, como é isso de dividir esse amor de pai. Não vamos mais ser a duplinha óbvia do filho único, esse colamento total foi rompido, agora... agora vamos descobrir.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Hélio gostosinho sorri tão bonitinho
Seu sorriso simples, bobo, em um rosto de poucas expressões bem brutas
Carequinha
Puro dente
A boca que faz muxôxos "naturais" de tristeza, de manha de choro, invocada com as pontas dos lábios pra baixo, o meio do lábio de baixo para cima
Seus olhinhos
Quando transcende a brincadeira de esconder, e lá da marcação teatral do "seu esconderijo" ele ainda consegue nos ver (o pano é translúcido, a bandeja é transparente, ou ele simplesmente está só "simbolicamente" atrás do sofá) e ele nos olha diretamente no olho rindo cúmplice de que "estou escondido" e a gente ri dele "é, você está escondido" e de repente no meio da risada ele sai andando e "sai" do esconderijo falando uma espécie de "tchadã" ou simplesmente "iiiiiii" com esse significado e aí sim, é a grande comemoração batendo os braços pra cima e pra baixo
Hoje de manhã quando meu pai chegou, e ele foi se esconder atrás da cortina, e através da cortina nos zoava para depois sair e ficar comemorando - quando ele tava comemorando ele não pula, ele se joga no chão e esfrega as pernas, fica chutando uma perna pra trás, senta e fica esfregando as pernas (e eu também, e meu pai também, johanna também batendo os pés, imitando ele, dando corda) batendo os braços rodando pelo ombro de cima pra baixo, e fazendo sons e sons com a carinha congelada de riso
Quando Hélio está escondido (como quando ele acorda, e queremos enrolá-lo na nossa cama enquanto ele quer é andar pela casa, e puxamos o lençol para cima dele falando "estamos escondidos", falando cochichado "shhh shhh ela não sabe que a gente tá aqui" e lá fora "cadê o hélio? ué! ele tava aqui agora... hélioo,, hélio... cadê ele? papai, você viu o Hélio? ele tava aqui agora) aí saímos "ele apareceu! ele tava ali o tempo todo!" e essa brincadeira prolonga sua estadia na cama, com nós deitadas) e hoje de manhã, depois de instigá-lo na visão através da cortina, fui até ele e fiquei falando "nós estamos escondidos", eu entrando no time dele da brincadeira, e saindo com ele pra dar susto nas pessoas (queria ensinar ele a falar "bu") e eu tropecei fazendo maior palhaçada
agora ele dá beijinhos, e abraços, e eu percebi que ele também sente que cuida de mim. Que retribui, afinal, ele deve se confundir e em algum nível se ver como nós.
esse ritornelo de botá-lo para dormir "conversando" com frases basicamente de dois substantivos muito enfatizados, e o conectivo frouxo

domingo, 24 de novembro de 2024

METEOROLOGIA

Os meteorologistas existem para os economistas não pegarem tão mal, com suas previsões furadas. Ainda assim, vivo vendo a previsão, e torcendo para estar certa ou errada, como me convém. O tempo vem piorando, mais extremo, afetando a economia e por ela afetado. Meteoro-logia, os meteoros objetos no céu aquém das fixas estrelas e 7 astros moventes, os meteoros cadentes, nuvens, raios, ventos, arco-íris. O que está no alto, o grande que nos escapa, que nos envolve e nos supera, necessariamente - não infinitamente longe, mas que nos toca, diretamente. A tal busca de subir e enxergar o mais completo, inalcançável, se opõe a busca por reger apenas o imediato, o óbvio que me cerca. Individualista, tento encontrar um grau zero de simplicidade mas que é também ele miragem, nunca alcançamos os extremos. A eco-nomia dá o regramento do lar, do ambiente, que ao fim e ao cabo se espalha em um eco amplo de relações. Onde termina o eco de que faço parte? Onde começa o meteoro superior? Mas também embaixo a eco-logia descobre o inapreensível, imensa gaia geocêntrica que nos engloba, por debaixo. E então o regramento da nomia se torna uma pergunta. Qual a lei, o bom conduzir, sem controlar a lógica por completo? Apenas o incompleto, insuficientes vias que desenharíamos para bem mover o mundo. E na nomia do eco encontramos o bom trabalho, com seus princípios esboçados do que é justo, do que é certo: a ergo-nomia é bem isso, o regramento do bom usar o corpo, o esforço. E na gastro-nomia seria a boa ciência médica que nos conduz à saúde, ou pelo menos às delícias: as regras de misturar o alimento, tratá-lo, servi-lo. Por fim, a astro-nomia descobria uma ordem maior do que os meteoros moventes no céu, e aprendíamos nela boas leis - que nos inspirassem como regrar nosso eco no bom rumo de sua lógica.

terça-feira, 22 de outubro de 2024

UM CONTO DE FADAS REVOLUCIONÁRIO


Vem cá, vou lhe contar uma história: Era uma vez, um príncipe em um reino muuuuito distante... Ah, mas essa estrutura... Daí depois, a gente vai falar de política, e é tudo ao contrário...
Então melhor: era uma vez, uma princesa! de um reino muitíssimo longe. Ela usava vestido curto, que pudesse mover as pernas, e seguia com seu séquito encontrar o resto da corte etc. Mas que saco essa vida aristocrata. Vamos problematizar?
Era uma vez, uma criada num reino muito distante.... (talvez agora melhor um criado? repisando estereótipo) que vivia trabalhando (meio Cinderela isso) até que um dia o príncipe encan... oops
Era uma vez uma trabalhadora autônoma num reino distante, uma lenhadora (uau! que inusitado) que vivia muito sozinha, trampando pa burro. Acontece que naquele reino havia uma lei de que não se podia usar calça curta (ou "shorts") e nossa lenhadora era inconformada com isso (tudo bem? o foco ser algo supérfluo?) Um dia apareceu um alfaiate famoso, da renomada fábrica de jeans, e instaurou uma moda pior ainda: mais que boca-de-sino, as calças eram pra ser longuíssimas, ficando todas dobrada amassada no pé. Lenhadorinha (ou ona?) ficou fula da vida, e pra encurtar a história (que convenhamos, tá mei ruim) liderou uma revolta popular socialista e instaurou o comunismo.
Pronto! chegamos na ideologia pura! tudo certo?
Acho que não, sabia? Acho que é mais fundo ainda.
Era uma vez uma população oprimida pela lei de não usar calças curtas. Pessoal às vezes tava calor, às vezes tinha que jogar bola ou fazer coisas que exigiam alongamento, e a calça travava. Quando as criança crescia era horror que deixar pescando-siri dá cadeia, coisa feia. Espontaneamente surgiu uma revolta das braba, e s'instalou o regime comunista lindo.
Não, ainda não. Fica simples demais.
Era uma vez uma lei contra o short. Muitos do povo se revoltavam, mas vinha servindo de desculpa para uma complexa ascensão dos alfaiates. O regime do jeans instaurava-se ideologicamente. Lenhadorona, vendo seu príncipe encantado levado pelos tiras, encarnou a revolta. A faísca acendeu o paiol, deu voz e rosto: mas lenhadorona foi executada em praça pública. Sentença: enforcamento por calças longuíssimas, e a repressão venceu. Fim.
Bem legal hein? Realista? Causando!!! É mas a criança não vai dormir. Que história de merda.
Então vamos terminar feliz: "... por calças longuíssimas. Acontece que o irmão dela, Lenhadorim, de caso com o alfaiate tal-coisinha, indignou; e na alfaiataria a costureira Xis tinha alergia a jeans, gostou; e nesse mesmo mês chegou na cidade - no reino - uma turba de foliões tocando o terror, desestabilizou; enquanto em paralelo teve duas ou três outras pessoas que também foram mortas e despertaram revolta..........MAS pra fins de mobilização, decidiu-se focar na Lenhadorona como mártir e PUM revolução digo golpe e transformação radical do Estado, num processo complexo e dinâmico...
Ah, devo dizer, de todos problemas e chatices (que depois dá pra ajustar), só comento uma coisa: que triste ter voltado ao messianismo pelo marketing. Que na verdade é a questão dessa história: como contar uma história descentrada? Sem líder sem herói, sem príncipe sem focar num personagem? Decapitar a história!!! Evidenciar que a história se faz pela massa, tanto a História mas de fato toda a vida tudo são massas coletivas ESPERA. Virou palestra, era pra ter piadinha, "porque só com humor se chega à verdade" (Platão). (Mentira).
Agora sim. Era uma vez uma lenhadora, os alfaiates quiseram impôr uma calça longa, ela chamou os amigo e tocaram terror, viva a mobilização, invadiro estado e começaro a mudar lei, foi dando outros caô principalmente com a invasão dos folião, PUM pousou uma nave alienígena, PLEI o pé de Zeus interveio na história, ah quer saber FLOUDase tá descambriolando tudo mesmo. Mas valeu a viagem, a criança já deve ter dormido. Mais uns ensaio e começa literatura arretada.
Só achei engraçado escrevê "shorts", aliás

domingo, 20 de outubro de 2024

De certa forma, entendo um segundo filho como uma repartição de poderes. Freios e contrapesos que garantem, estruturalmente, contra mimar o primogênito, superando qualquer estratégia voluntarista sobre filho único. Na dúvida e no desconhecimento ante o desafio que assoma - a boa condução destes prêmios e inibições, a educação, o tempo - jogamos uma carta radical: duplicados os alvos, desconcentrados os fantasmas, cria-se plural, impessoalizam-se rotinas, dispersam-se atenções excessivas. É que elas se tornam impossíveis. A solução pela estrutura, um recurso que sempre invoco, pensando, demiurgo, que é preciso modificar o mundo, modificar as condições do problema, mais do que insistir num enfrentamento desvantajoso.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

buscando a babá, como uma nova fronteira (descabaçar essa relação, descobrir essa nova droga, idealizada como um tempo infindo, como um retorno à vida sem cordão umbilical - vamos descobrir logo seus limites, seu grandesíssimo pesar, sua presença política acachapante) mas como é presente a demanda dos outros, de uma babá para aguentar seu não-sono, suas mamadeiras noturnas, seu descalabro no escuro
mas meu filho, será que fomos nós, isso? gosto de achar que sim, que não é só sorte na roleta da parentalidade - que existe, que é um caos (o que é o caos, o que é a sorte, como são ousados esses conceitos que tomamos como o grau zero da crença) - gosto narcisicamente (em tantos níveis) de achar que foi a relação paterna de impedir o vício no mamá noturno, de estar o pai a acalentá-lo em vez da mãe, sem o peito gotejante, "jorrando leite e mel", só vamos dormir e pronto. será que foi isso? e a rede, que os antigos queridos me insinaram lá onde fui? quando ele era um fejãozinho na barriga de mãe, a tormentá-la?
buscando a babá, quanta coisa penso ao redor de meu filho: se está ficando mimado, mesmo que inda seja apenas um molde sem quase humano ainda formado, se estão surgindo-lhe as sombras más, e preciso podá-las, se como é essa criação, a criação do mundo, que é criar, verbo coletivo e reflexivo, verbo que nos atravessa (não há sujeito, os verbos se conjugam antes da gente existir, e é sobre eles que a gente vai... eu ia dizer ossificando ou precipitando como metáforas, mas vendo aqui de frente um processo genuíno e tão rápido, posso ser mais preciso: nós vamos chegando, assumindo uma forma, tomando rosto...)
que delicia me reler e encontrar esse apoio: ainda que hoje eu não escreva, hoje eu seja apenas um que resolve tantas coisas no desafio de estar à altura de si mesmo, de enfrentar tudo que me propus e não sabia que seria deste tamanho, mas também: que já tive tanto tempo comigo, e agora então me entrego a ser dos outros, sem o mergulho nas letras, só sendo, só fazendo como mundana peça da engrenagem mundo de tantas coisas e deveres fazeres que sei eu. e daí então num respiro eu descubro, essas linhas traçadas de antes, de tantos antes e lembrar o mundo e o tempo, como é possível ter tanto tempo e não estar envolvido num torvelinho e pelo contrário estar apenas olhando a chuva cair chóóóóó e subir um cobertor

quinta-feira, 27 de junho de 2024

POR QUE SECO PRIMEIRO O ROSTO?

Quando saio do banho, num dia frio, a brisa mínima do banheiro já me faz agarrar a toalha, com ambas as mãos, para me secar o mais depressa possível. Mas em vez de me envolver nela, protegendo meu peito, pescoço, pulmão que sei eu - a primeira parte que eu seco é o rosto.
Serei só eu, ou todo mundo? Que importa, o fato é que é assim que eu faço. Um banho quente ou gelado, dá igual, um dia frio ou calorento, o rosto primeiro. É como se secar fosse sair da água, e óbvio fosse liberar boca e nariz primeiro. Secar primeiro o peito, então, como testei, mantém a sensação de imersão - e frio desprotegido - enquanto não seco o rosto.
De fato, conforme sobe o frio, subo a montanha ou o pólo e faz muito frio, vão subindo também as roupas, de baixo e de cima, partindo da genitália, para o torso, depois os membros, e os pés também, sapatos. Muito frio e vem redobrado, é mais camadas e surge o gorro, cachecol, as luvas (talvez de início com buracos para os dedos, e depois sem eles). O rosto é o último, e é o mais difícil de cobrir, máscaras e óculos.
É que o mapa do corpo não é bem como uma foto simples de anatomia. Ao perguntar os seus caminhos, o corpo inicia pelo rosto. E pelas mãos, pescoço, cabelos, e só em seguida o torso e tudo. Debaixo da terra irrompe um caule e folha, é o rosto saindo por sob camadas de roupa e de água, que alívio!
Mas será que, pelo bem da razão, o rosto devesse ser secado depois? Proteger peito e pescoço, calcular exatamente a batalha contra o frio, deixar sensações e tradições de lado. Qual o principal a ser secado? O rosto deve ser ignorado! Calando-me, obedeço à fria matemática de graus celsius. Se sinto frio posso cobrir o rosto, que importa visão e tantas manias?
Mas a razão que vem de baixo, do corpo, é maior e abarca esses filosofemas em um abraço cálido e felpudo. Imagens de anatomia e cálculos fahrenheit podem brincar de entender, mas o sangue corre pelas veias. O corpo não é sua imagem, ele é distorcido, e o rosto é tão grande e perigoso que eu preciso secá-lo primeiro, sob o risco de me afogar.
André

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

BASTANTES

Está certo falar "bastantes dias"? Bastante coisa aconteceu, foram bastantes dias. Pois aqueles dias me bastaram, cada um deles... Se bem me lembro (não vou pesquisar) esse adjetivo, bastante, formado pelo verbo, bastar, é o verbo na forma "particípio presente". Mas e daí? Acabou a lembrança.
Foram bastantes dias, meus ouvintes, que estão me ouvindo. Cai uma estrela cadente porque estou dizendo: cadê, cadê ela? E então do verbo cadendo, ela despenca.
Uma corrente também, que está correndo é corrente, mas de metal não parece tanto. Um pingente está pingando dos ouvintes como um brinco. Quem está carente está querendo, carinho, ser caro a alguém. E quem está doente? é porque dói.
E o gigante, que vem gigando como um gigabyte? E o barbante, esse barbado se embarbando até virar um fio? Boto um turbante que turva a turba de cabelos com seus panos turbilhantes. Abro o detergente para deterger tudo; pego os ingredientes para ingrediar minha comida; tem muita gente vindo, muita gente vinte, muito vinte gendo! Vai ser gigante. Inocente, estou sem noção nenhuma.
O batente é onde bate a porta, e elefante é quem elefa, quem está elefando como uma elevação com farofa nos dentes (que estão dendo). Pergunta: quê? é estar quendo tanto que fica quente. Passou rente quem dá ré, saliente quem tem sal. Eficio tanto que sou eficiente, suficio também, e derrepentando tanto que estou pente, deceio, receio, indeceio, preseio a ponto de dizer é, é, estou endo!
Bastantes coisas, bastantes particípios presentes.

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e a estante?

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

O QUE SÃO, AFINAL, AS MAÇÃS?

Na minha opinião, o ditado inglês "an apple a day keeps the doctor away" é um grandíssimo exagero. Não deveria variar as frutas, para ter saúde? E aliás vem cá, não sou nenhum médico, mas não sei se está tão certo mantê-los longe. Diz outro ditado: mantenha amigos perto, e inimigos mais ainda (mas agora pensando, ESSE sim é um ditado bem estranho). Fica de qualquer forma a dúvida, o que é essa maçã que vai, cada dia, nos afastar da medicina?
Na verdade as maçãs, de um ponto de vista geral, na língua, são um conceito bem plástico (ainda que a fruta seja bem sólida). Não acho que minhas bochechas sejam maçãs no rosto, e se Adão comeu uma maçã, por que dizer "pomo" do meu gogó? Ficar transitando nas línguas é de deixar vesgo, pois tradução-tradição-traição-translação (dizem) são todas a mesma palavra, só mudando letrinhas: põe um bigodinho e a gente finge que não reconhece. Assim no fundo (na ante-língua do subconsciente) maçãs são pomos, e algo que estufa nosso rosto, mantendo longe (ou perto) o doutor - todo dia.
Daí no francês batatas são "pommes de terre", isto é, pomos (maçãs) da terra. Cara, não acho que tenha nada a ver. Batata é, pra resumir, algo que se come salgado. Talvez se eu botar sal na maçã... mas aí o doutor vai acabar se aproximando. Melhor frisar que é "a SWEET apple a day"... Enfim maçã, então, um comestível qualquer, até debaixo da terra.
E as outras frutas? Ainda no inglês, Pineapple = abacaxi, a maçã do pinho. Muita forçação. Assim tudo que é levemente, ou mesmo forçadamente, redondo - como um abacaxi é redondo? - agora é maçã? Não entendo o critério. Pinha pontuda - macia, comestível: maçã.
Poderia divagar nas referências folclóricas: a maçã para a professora, a que Branca de Neve comeu, a do amor na festa junina (realmente doce). Francamente, eu até acho saborosa uma boa maçã (não lembro se Fuji ou Gala, uma grandinha não muito encerada) suculenta, mas - admito - não curto tanto não. Comida pra quem está passando mal, sem casca, em raspinhas... Certamente não é ESSE o fruto do pecado (que é muito mais uma manga, rosa ou carlotinha, algo entre as duas). Tem gente que diz que o fruto do paraíso era uma romã - acho que é só pela estética daqueles caroços vermelhos. Será, em tudo, simplesmente a cor vermelha que fascina? Aliás romã em inglês pomegranate, pomo granada (de novo a maçã, agora explodindo em carocinhos).
E aquela história das macieiras serem sempre a mesma planta? Numa plantação, as novas macieiras não são filhas da planta anterior, são a própria macieira anterior, reproduzida pelos galhos. A mesma planta ramificada em uma escala impossível, todas com o mesmo DNA - isso me dá arrepios. Quando justo uma maçã caiu na cabeça do Isaac Newton, pera lá! Não confio para nada naquele ocultista perigoso. "Mas não vá comparar laranjas com maçãs"... Boas no suco verde, para adoçar, maçãs (boas nas tortas) para afastar a medicina só tendo algum mistério. Maçã: a mulher de quem? Nem uma palavra mais, prefiro banana.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

DAR BOM DIA APÓS A MEIA-NOITE

A civilização humana encontra-se à beira do colapso. A aurora das máquinas e do tempo moderno nos separou da natureza... O relógio vira os números em zero-zero, o ponteiro inclina-se em riste para o alto, o cuco badala em algum apartamento perdido: meia-noite. E a partir dessa hora, no escuro do breu, ouve-se, em resposta a um tímido e fraternal boa-noite, em um tom de correção severa: bom dia.
Estapafúrdio desejo de dar bom dia apressadinho, quase um desafio moral: já iniciei o dia, e vocês, ainda dormindo, ainda flertando com a cama. Eu, já de pé, trabalhando: bom dia.
E 12 horas depois, o relógio inteiro se girou, os ponteiros alçam-se novamente ao alto enquanto números mudam de am para pm: boa tarde?
É o caralho, darei bom dia o dia inteiro. E se sentir escuro darei boa-noite, essa é minha política naturalista.
E por acaso os dias não incluem a noite? "Naquele dia, à noite..." então vou dar bom dia o dia inteiro, 24 horas de bom-dia ininterrupto, misturando-me aos moralistas da madrugada estarei varando bom-dias mas num dia único: numa terra que não gira, meu cumprimento ergue-se ao sol e nele fica, minha língua solar, bom dia!
Como dizer "hoje" após a meia-noite e ficar sem saber de quando se fala, ou pior ainda "amanhã": acabe-se, língua! Quero apenas a luz como marco do tempo. Limbo ao calendário, não vou nem falar em horário de verão. Sentir o tempo na pele queimando sol.
Nunca escrevi cartas a papel (que eu me lembre, talvez os adultos mo tenham forçado na infância ignota) então por mim o bucólico é mandar emails, que inicio, romântico: "bom dia..." "boa tarde..." segundo a hora que escrevo. Mesmo que só vão me ler à alvorada, ou dez dias (e noites) depois: "Bom dia, favor não enviar SPAM, grato". Boa tarde.
Mal dia, bom dia, médio dia e tarde noite madrugada alvorecer mormaço breu, o céu cheio de cores e eu só ligado num interruptor. Que sono, que importam os extremos das 12 horas se neles durmo como um rochedo ou almoço copiosamente a ponto de perder-me do tempo, orgias soníferas e gulosas no alto do ponteiro: eis-me aqui em paz, finalmente, com o sol.

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

BISCOITO OU BOLACHA?

Revisitando a eterna polêmica, dei por mim questionando os fundamentos técnicos do debate. Quem anda pelas ruas de Atenas há de comprar numa lojinha um μπισκότο, o mpiskóto que traz esse argumento (chiquérrimo) da origem grega. Biscoito: do grego, Biscoito!
Olhando mais de perto, que charlatanice, pois os radicais não são gregos, são latinos: bis (duplo) coito (cozimento) é o "bicozido". Agora em vez de adentrarmos em detalhes de fabricação, vamos admirar só isto: que seja uma palavra, biscoito, que anuncia seu processo de fabricação. Não são muitas que fazem isso! Como comer um assado, ou um cozido; ou tomar uma batida, vestir um tecido; comer uma torrada, um biscoito. Haverá outras? Que beleza essa língua, que beleza de lógica...
E a bolacha? Ignorando raízes latinas, e toda etimologia empoeirada, a bolacha, palavra genuinamente autóctone, brasileira! Sem significado algum, pura poesia do inconsciente coletivo, da deriva da língua... Ou será que não? Terá ela, sim, um parentesco com o bolo? Como a bombacha do gaúcho, para a bomba com que ele suga o mate; está a bolacha do paulista, para o bolo de padaria...
Bolacha, um bolo com chá no fim. Ou uma bola? Que é essa raiz da bola, toda embolada, bololô que se atira feito boliche na nossa língua, embolachando nas bochechas? Como a borracha para a borra, a bolacha! Como o cochicho para o cocho, a bolacha! A galocha para o galo, a bolacha!
Voltamos ao bicozido, pensando se não cozeram (costuraram?) demais nossos miolos (já não damos trato às bolas) - não seria melhor parar mais cedo, e tirar ele al dente? E agora vem cá, biscoito não é cozido, é assado! Já sei, é porque é na cozinha, mas então vamos falar às claras: coito é de fuder, se eu cozinho eu não lavo; biscoito, e o que será o coitado, senão o objeto do coito?
Mas ora bolas e bolachas, tanta etimologia lorota, já chega desses argumentos! O bom mesmo é chiar o S fazendo BIS BIS como BISTECA, BISNAGUINHA. Convenhamos, a língua é toda pelo gosto - que não se discute, velha questão do saber-sabor. BISBILHOTAR, BISTURI, BISAVÓ... e então caramba, bisavó é a bi-avó (embora seja só 1,5 x avó) e sabemos que trisavó é uma tolice, pois o certo é TATARAVÓ, e agora cremos, definitivamente, ter biscoitado nosso cérebo, ou melhor, tataracoito ele. Tomar no cookie; brigar biscoito por bolacha só podia dar em baixaria.

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Estou um caco. Fico repassando na cabeça coisinhas que eu poderia fazer, para sair dessa sensação. Fazer a minha série de ioga, me alongar. Dar um pulo na praia (está sol - não tenho tempo). Escrever pensamentos no caderninho, descrever o que está tendo esses dias. Escrever no Albatroz, no teclado, um texto longo (foi a receita que me dei, uns dias atrás, voltar ao ritmo semanal de ordenha). Ligar pra alguém, ou mandar áudios: e fico listando quem poderia ser, e imaginando a conversa (imagino voltar à análise, imagino cumprir minha listinha de tarefas, imagino seguir lendo a ilíada, imagino que não lembro mais como relaxo). "O que eu faço?" eu perguntava à minha mãe, entediado, quando era criança.
Fiquei tentando meditar agora, foi bom. Mas não tira a sensação de pressão no corpo. Claro que existe pior... Só que tem um desgaste, um prolongamento desgastante aí... Tem que não sei onde estou indo, dá uma sensação perdida, andando no escuro, sem mapa... Sensação de não estar andando, de estar afundando por burrice minha. Jogando tempo fora, desperdiçando meus dias. Não estar realmente presente em lugar algum. Tantos projetos, nenhum projeto. Seguindo ao sabor da maré. Horizonte curtíssimo embrulhado nas demandas mais detalhistas do que tem pra fazer hoje. E inda tem essa questão de doutorado, de orfandade acadêmica, de dúvida sobre toda a base teórica em jogo, e o artigo que fico escrevendo nas horas vagas é tão extremo nesse flerte com o niilismo, me aflige com sua ameaça total. E fico tentando laboriá-lo, resolver minhas preocupações pelo aprofundamento analítico delas, pelo mapeamento da questão. Se eu tivesse um mapa! E quando levanto os olhos do papel, estou em casa, passei 15 minutos afastado e já estou culpado, a alma dividida em um dever meio vago, onipresente e extremamente ocioso, mas que não solta. Sigo tentando manter a moral, a gincana de médicos, a insistência nessa amamentação sofrida e tão tão espaçosa. Esse bebê tão espaçoso. Essa noite dormiu em cima de mim, por uma boa uma hora, e eu pensando que quando tiver maior, ainda vai dar, mas quando estiver maior ainda, vou ter saudade. Ontem tentando extrair o máximo de malhação da aula de pilates, para aguentar esse tranco. Dias intensos, como sempre digo, e cada vez sinto isso, muito. Dias intensos.

domingo, 8 de outubro de 2023

Super-pranchinha chega voando nos braços de mamãe. Ergue os bracinhos e bate as perninhas, escalando o ar enquanto cabeceia meio sorridente (sem dente). Boquinha Júnior, Zé Boquildo da Silveira, a boca forma um triângulo de sorriso lento e meio estático, os seus olhinhos apertados e as bochechas levantadas durinhas (meu carequinha, barbudinho, orelhudo brabo brabo brabo) descobrindo uma sensação nova, acho eu (a alegria, venha conhecer, filho, a sensação de estar tudo bem e rir) venha conhecer a vida... eu digo que ela é gostosa-a...
Ela quem? no nosso quarto reina o império do silêncio, o leito na entreluz e o calor guardado / ventilado, penumbra e uma atenção difusa ao ritmo dos sons no ambiente, e por que? porque sonhos e o revigoramento de deitar-se à terra, horizontal horizonte
Estou no escritório, Boquinha está na rede (viciado)(provavelmente regendo uma orquestra: está acordado)(tomara que não queria mais leite ainda, já tive que voltar 2 vezes, assistindo seus arrotos enquanto leio uma história em quadrinho japonesa (um manga ao mesmo tempo burro e tosco mas dá vontade de ler até o final (mesmo que pulando várias páginas, enfim, uma história de menino sem mulheres... curiosa literatura para esse momento (o que é ter um filho? o que é o corpo e a saúde dos nossos ritmos inspirados a cada folego de vida, o tempo passa de uma maneira não-linear, abandonem as linhas, chegadas as pulsações da maré (como rédeas, ou cordames do navio, o timão, o leme... o ralo onde conflui um espaço (a europa e seus muitos portinhos) a ideia de chave, pura e simplesmente: uma chave de metal, e suas cópias (e as fechaduras travadas, abertas ou fechadas)

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talvez a teogonia esteja errada, e o homem seja cronos, o tempo, antes de ser zeus, o imperio (lembram do tempo ANTES de zeus tomar o poder? dos titãs PRÉPOLÍTICOS (invocação de um direito natural anterior à pólis, direito natural econômico no sentido do lar ampliado de cada corpo, direito materialista-matriz mutterrecht ou simplesmente patrimonial-patrilinear-patrístico, uma unidade oicos como invocava XENOFONTE (não em sua subida mas em sua casa)
se querem falar de gaia, falem do céu OURANOS e seus METEORO-loggias.. se querem falar de gaia onde o CÉU enterrava seus filhos, até que o TEMPO os libertou a todos... mas o TEMPO resolveu comer todos os filhos que nasciam, até que foi enganado para engolir uma montanha, e ZEUS (o império)(o planeta júpiter, dentre os 5 "meteoros" (astros moventes) visíveis no céu (que fascinante é então um cometa, sendo um planeta mais distante)
talvez devessemos sair do império, não pelo império do céu, mas pela volta do TEMPO a exibir algum reino... (que lições fascinantes na cosmologia grego-gregária de nós, filhos da torvelinha)

domingo, 1 de outubro de 2023

Jipsi, o alienígena, abriu a porta da espaçonave com seu jingado de velho aventureiro. Era cedo, para a hora estelar de sua rotina, o computador de bordo o saudara com cápsulas de café da manhã cinza. O patinete hiperbólico estava quebrado, pelo que Jipsi utilizava hoje botas de Nêutron reguladas para máxima beatitude.
De uma garagem abandonada subiu um ronco surdo, Jipsi sobressaltado: será o meu inimigo-arquimedes o vilão: Dênis a criação do pesadelo? O próprio ele-ruim a Bominação?
Entre estas vírgulas centelhando suas pálpebras ríspidas, o céu dobrou-se em outo. Vêniddom, a anaconda escarlate, esgueirava-se por detrás do bosque de amoedos. Manhuras, de entre o lixo, suas falanges pingavam veneno, a ponta de bronze, o escarlate vívido.
Jipsi Jipsi...

sábado, 30 de setembro de 2023

tentar escrever com olhos fechados o mais rapido como um albatroz voa longo no azul do ceu nao parar de escrever as nuvens ao meu lado o som das asas na musica o som do sim o som etcetera as reticencias se ralentam enquanto pego o ritmo do coracao da respiracao da cadencia das palavras ........ o homem rato estava jogado no teto pendurado como goteira de ponta cabeça, o lustre da sala de cristais pendurados como contas estava saindo do seu "chão" como uma fonte d'água cristalizada de luz e o homem rato guinchava "levem tudo! não há viva alma em Orango D'Orcia que saiba o significado das dores penduradas como peles de rato nos longos halls de WIndsor & Co." eis que a cortina caiu sobre o mastro do navio como um Trafalgar Square o abismo IMPLODE em cena rebentando a fonte chafariz de vidro jorra sangue desabando o teto para cima como um vulcão espelho céu no sangue , o homem rato guinchava "hipnoticamente, o tilintar de seus narizes, a ruiva do lago Nero, eu me chamo avô e ... Biga-mãe" Ora ora ora quem vem lá por estas bandas, se não é o já velho conhecido, sim, o mesmo ele, o hipnóti-coito... Silêncio.... 

domingo, 24 de setembro de 2023

é uma crítica da representação. não existe representação: existe existem sombras e existe o próprio mundo em meio delas (e existe a dúvida se vemos bem, e existe esta crítica, que é uma invocação do olhar para o mundo: ei-lo
não há representação.
- que invoca um princípio de diálogo dificílimo com a organização moderna das ciências físicas (e química, biologia, astronomia) que se baseiam em saltos de representação, de que não retornam. o raciocínio é feito por analogias, partindo de alguma evidência direta do mundo, e então a tradução se interrompe, e ficamos apenas num mundo de fábula mal explicado, em que navegamos com dificuldade. invocar a reescritura dos achados científicos em uma linguagem que mantenha permanente a evidência, o fenômeno em si, diante dos nossos olhos, na nossa escala, para a nossa vivência. nunca "sair" de nossa presença, em sua demonstração do que fala. flagrá-la, a ciência inteira: qual o seu corpo exato, e sem fantasias.
- eis que esse é um princípio absolutamente corruptor de todo nosso edifício científico, e é um impropério eu propor essas coisas. nós, que acreditamos vivamente que vivemos no mundo da representação - que os fantasmas do espelho, que as sombras dos símbolos, que o significado oculto reina por trás de nossas orelhas, enquanto dormimos - nós que confundimos tanto o que é real e o que são, enfim, sombras, reflexos ou a cauda, a barriga, o âmago do real, a chama da fogueira e sua atração luminosa para nosso olhar, o real, o sol reina real sobre o dia tão real que nem podemos olhá-lo e já sabemos que é o mais real, ele, que chega se anunciando, ele, que reina (e assim inicia o poema de nossa nova física

sábado, 23 de setembro de 2023

adoro a letra a
é meu nome (e sobrenome)
e no entanto sou homem
(é o meu nome)
andre (e andrea, a coragem do coração corando)
adoro-a
odara-o
o-aroda a-orado
ada-ada
oro-oro

- à dora 
que gostoso vê-lo aprendendo
introduzir algo, um dia,
reafirmar toda vez que ele se fizer uma pergunta
sempre acalmando ele muito, não deixando chorar
mas insistindo no mesmo gesto
(e passando, eu mesmo, por um esforço. ele percebe isso
que eu não cheguei e simplesmente larguei as coisas apressado. que estou ali para passar as noites virando com ele)
e a cada mamada perguntar à mãe
como está sendo, se está confiante, como está evoluindo
e a dúvida permanente, de se o novo método
vai trazer algo de positivo, realmente
a questão acho que foi admitir a intromissão de outro aleitador. a translactação ainda obrigava a ser aleitada no peito da mãe. a mamadeira inaugura a independência. mas que também é povoada por mil derivações da independência: o copo (engoli-lo de gut-gut, ou esticando a língua feito um cachorrinho - e toda a gestuália intermediária que envolve os lábios superiores) a colher dosadora (engoli-la encaixando no fundo da boca, ele aprendeu em 2 horas a já formar de maneira estável os lábios em concha para recebê-la)(ou utilisá-la como colher, de que ele lambe)
pois decidido o desafio da nova forma (a língua esticando) estamos experimentando toda a gama de ginásticas línguo-labiais-bucais-eoquemais
interessante repertório de relações que o bebê experimenta, envolvendo outro aleitador que o corrige, que o educa
como em Carneiro Leão : educar é da raiz de eduzir
conduzir o bebé
realmente, nessa vida conturbadíssima
que padrões eu posso exigir dele?
melhor fazê-lo surfar (nosso surfistinha de óculos escuros tomando fototerapia) as ondas intensas que são (o simples passar dos dias, das horas, como a vida é intensa)

quinta-feira, 31 de agosto de 2023

o que você precisa descobrir
cidade negra
ta-dan
tarararara
na verdade era
o -invada sua casa coração-
please dont stop me now
tarefa do dia:
arrumar as plantas para que eu páre de chutá-las enquanto me embalo na rede
a rede. a grande máquina de conforto
a chave phillips diante do parafuso
aparafusadeira elétrica (diabos, perdi meu kit de chavinhas)
-ou os abutres roubaram-
há coisas que é melhor não mencionar
pois afirmamos algo
não afirmamos o contrário disso
se não afirmamos, não impostamos isso. não é graças a nós que isso está posto
depois de posto, objeto
ob-jektum (jogar sobre)
(vs. jogar pordebaixo o sujeito substantivo assunto da questão
tarefa número 2: o que é o dinheiro? doá-lo? torrar as poupanças?
-imensa fogueira potlatch da despesa global-
-a macro despesa do ciclo do sol-
de volta à cigarra e à formiga
era sempre sobre o verão e o sol
hélio hílio hyperiom
elã ela ele o gás nobre a letra L de luz cercada de éter e da altura do céu e das núvens Superiores (o que está no alto)
o Astro-Rei da astronomia
e a economia não é apenas um sub-ramo da astronomia? da geonomia (a ciência impossível)

- discordo: como dizia newton, as leis da terra imperam nos céus. o que está no alto é como o que está aqui, embaixo: não há nada lá em cima, newton ensimesmado em seus espelhos e máquinas 

sábado, 19 de agosto de 2023

- Meu amor, você viu a fralda?
- Só Xixizão, mais uma vez.
- Já faz 48hs que é só xixizão. Ai meu deus... O que ele estará preparando?
- Amor? Vamos comer mais mamão? Tô brincando...
- Será que mantemos a fralda de pano? Ou esperamos isso "acontecer"?
- Ainda não entendi em que lixeira vai a fralda de pano usada?
- Cuidado que pode sair um jato! Existe manusear bebê de várias formas, mas também tem a modalidade que é isso acontecer com ele cagando. Dito isto, elogiemos os "quadrados de algodão". Que tecnologia finíssima.
- Garrafa térmica para ter água morna em sua bundinha...
- Em um pratinho de cerâmica! As fraldas de pano são lindas
- Ele fica parecendo uma "coxinha"!!!! Redondinho embaixo
- Isso foi um arroto?
- Odiei aquele vídeo do "o que fazer se ele estiver engasgando". Melhor ele não engasgar
- E a enfermeira que falou que você não pode dormir, a qualquer barulho dele ele pode estar engasgando? Que sempre tem que ter luz acesa pra poder ficar verificando?
- Ah... Isso era só no início... ?? Não vamos entrar nessa não
- Tenho pensado que a grande questão é ter um sistema de sono que não envolva contato físico direto: uma rede, que eu balance sem estar dentro dela...
- Mas ele é tão pequeno!!!
- Em que velocidade isso cresce? Planilhas de fraldas cuecas e meias...
- Amor, precisamos de uma máquina de lavar nova?
- Querida para mim bastam os 3 varais. Isso é genial, mesmo.
- Ok agora enche a minha garrafa, preciso beber 4 litros de água!!
- Amanhã vai fazer sol!!! Vamos tomar!!!!