quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Estou um caco. Fico repassando na cabeça coisinhas que eu poderia fazer, para sair dessa sensação. Fazer a minha série de ioga, me alongar. Dar um pulo na praia (está sol - não tenho tempo). Escrever pensamentos no caderninho, descrever o que está tendo esses dias. Escrever no Albatroz, no teclado, um texto longo (foi a receita que me dei, uns dias atrás, voltar ao ritmo semanal de ordenha). Ligar pra alguém, ou mandar áudios: e fico listando quem poderia ser, e imaginando a conversa (imagino voltar à análise, imagino cumprir minha listinha de tarefas, imagino seguir lendo a ilíada, imagino que não lembro mais como relaxo). "O que eu faço?" eu perguntava à minha mãe, entediado, quando era criança.
Fiquei tentando meditar agora, foi bom. Mas não tira a sensação de pressão no corpo. Claro que existe pior... Só que tem um desgaste, um prolongamento desgastante aí... Tem que não sei onde estou indo, dá uma sensação perdida, andando no escuro, sem mapa... Sensação de não estar andando, de estar afundando por burrice minha. Jogando tempo fora, desperdiçando meus dias. Não estar realmente presente em lugar algum. Tantos projetos, nenhum projeto. Seguindo ao sabor da maré. Horizonte curtíssimo embrulhado nas demandas mais detalhistas do que tem pra fazer hoje. E inda tem essa questão de doutorado, de orfandade acadêmica, de dúvida sobre toda a base teórica em jogo, e o artigo que fico escrevendo nas horas vagas é tão extremo nesse flerte com o niilismo, me aflige com sua ameaça total. E fico tentando laboriá-lo, resolver minhas preocupações pelo aprofundamento analítico delas, pelo mapeamento da questão. Se eu tivesse um mapa! E quando levanto os olhos do papel, estou em casa, passei 15 minutos afastado e já estou culpado, a alma dividida em um dever meio vago, onipresente e extremamente ocioso, mas que não solta. Sigo tentando manter a moral, a gincana de médicos, a insistência nessa amamentação sofrida e tão tão espaçosa. Esse bebê tão espaçoso. Essa noite dormiu em cima de mim, por uma boa uma hora, e eu pensando que quando tiver maior, ainda vai dar, mas quando estiver maior ainda, vou ter saudade. Ontem tentando extrair o máximo de malhação da aula de pilates, para aguentar esse tranco. Dias intensos, como sempre digo, e cada vez sinto isso, muito. Dias intensos.

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