é uma crítica da representação. não existe representação: existe existem sombras e existe o próprio mundo em meio delas (e existe a dúvida se vemos bem, e existe esta crítica, que é uma invocação do olhar para o mundo: ei-lo
não há representação.
- que invoca um princípio de diálogo dificílimo com a organização moderna das ciências físicas (e química, biologia, astronomia) que se baseiam em saltos de representação, de que não retornam. o raciocínio é feito por analogias, partindo de alguma evidência direta do mundo, e então a tradução se interrompe, e ficamos apenas num mundo de fábula mal explicado, em que navegamos com dificuldade. invocar a reescritura dos achados científicos em uma linguagem que mantenha permanente a evidência, o fenômeno em si, diante dos nossos olhos, na nossa escala, para a nossa vivência. nunca "sair" de nossa presença, em sua demonstração do que fala. flagrá-la, a ciência inteira: qual o seu corpo exato, e sem fantasias.
- eis que esse é um princípio absolutamente corruptor de todo nosso edifício científico, e é um impropério eu propor essas coisas. nós, que acreditamos vivamente que vivemos no mundo da representação - que os fantasmas do espelho, que as sombras dos símbolos, que o significado oculto reina por trás de nossas orelhas, enquanto dormimos - nós que confundimos tanto o que é real e o que são, enfim, sombras, reflexos ou a cauda, a barriga, o âmago do real, a chama da fogueira e sua atração luminosa para nosso olhar, o real, o sol reina real sobre o dia tão real que nem podemos olhá-lo e já sabemos que é o mais real, ele, que chega se anunciando, ele, que reina (e assim inicia o poema de nossa nova física
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