Revisitando a eterna polêmica, dei por mim questionando os fundamentos técnicos do debate. Quem anda pelas ruas de Atenas há de comprar numa lojinha um μπισκότο, o mpiskóto que traz esse argumento (chiquérrimo) da origem grega. Biscoito: do grego, Biscoito!
Olhando mais de perto, que charlatanice, pois os radicais não são gregos, são latinos: bis (duplo) coito (cozimento) é o "bicozido". Agora em vez de adentrarmos em detalhes de fabricação, vamos admirar só isto: que seja uma palavra, biscoito, que anuncia seu processo de fabricação. Não são muitas que fazem isso! Como comer um assado, ou um cozido; ou tomar uma batida, vestir um tecido; comer uma torrada, um biscoito. Haverá outras? Que beleza essa língua, que beleza de lógica...
E a bolacha? Ignorando raízes latinas, e toda etimologia empoeirada, a bolacha, palavra genuinamente autóctone, brasileira! Sem significado algum, pura poesia do inconsciente coletivo, da deriva da língua... Ou será que não? Terá ela, sim, um parentesco com o bolo? Como a bombacha do gaúcho, para a bomba com que ele suga o mate; está a bolacha do paulista, para o bolo de padaria...
Bolacha, um bolo com chá no fim. Ou uma bola? Que é essa raiz da bola, toda embolada, bololô que se atira feito boliche na nossa língua, embolachando nas bochechas? Como a borracha para a borra, a bolacha! Como o cochicho para o cocho, a bolacha! A galocha para o galo, a bolacha!
Voltamos ao bicozido, pensando se não cozeram (costuraram?) demais nossos miolos (já não damos trato às bolas) - não seria melhor parar mais cedo, e tirar ele al dente? E agora vem cá, biscoito não é cozido, é assado! Já sei, é porque é na cozinha, mas então vamos falar às claras: coito é de fuder, se eu cozinho eu não lavo; biscoito, e o que será o coitado, senão o objeto do coito?
Mas ora bolas e bolachas, tanta etimologia lorota, já chega desses argumentos! O bom mesmo é chiar o S fazendo BIS BIS como BISTECA, BISNAGUINHA. Convenhamos, a língua é toda pelo gosto - que não se discute, velha questão do saber-sabor. BISBILHOTAR, BISTURI, BISAVÓ... e então caramba, bisavó é a bi-avó (embora seja só 1,5 x avó) e sabemos que trisavó é uma tolice, pois o certo é TATARAVÓ, e agora cremos, definitivamente, ter biscoitado nosso cérebo, ou melhor, tataracoito ele. Tomar no cookie; brigar biscoito por bolacha só podia dar em baixaria.
Maria Izabel Carletti: Para fazer o biscoito , escaldamos o polvilho , ou seja , cozinhamos o polvilho . Depois assamos , cozinhamos no forno . Portanto , é cozido duas vezes . Biscoito é de polvilho .
ResponderExcluir