sábado, 28 de maio de 2022

INEXISTE O ÁTOMO

Quanto mais fundo, mais doido
Uma loucura que não é de fragmentos minúsculos piscando sem relação
Não existem os átomos, minúsculos: só existem pedaços
existem escalas intermediárias entre o infinito e o nada
Uma loucura de regiões e massas, imensos constructos inerciais de sociedade e natureza se movendo pelo tempo
E nós humanos que somos minúsculos átomos
Nós mesmos uma consciência tripla bipartida um enxame de consciências fragmentárias anatômicas sem átomo
E ao redor a anatomia anárquica subindo como uma anábase análoga 

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Essa pressão por produzir, ininterruptamente: e quanto mais sei, maior a pressão de botar para fora, disseminar
Todos precisando disseminar, e cada vez mais, as importantes coisas que sua mente registra
Valor desmesurado

Por que as principais funções (as príncipes) estão todas negadas, são as mais sucateadas: impossível o leviatã sobre o óbvio, ele é sempre o absoluto inverso.
Por que a economia sempre dita ao contrário, como o impossível

E inda assim, o poder da escrita, e de disseminar ideias: que poder

sábado, 14 de maio de 2022

O que mais resta? que não um bom papo: e a possibilidade de explosão da linha da vida. Eis a ode à poesia: o instante explode. E também não: grossura da vida de um tronco largo. Ser uma árvore e com seus galhos: todo mundo pendurado. E também joguete: um súbito ódio, uma súbita paixão que inflama. Árvore fonte de fogo e expulsão, como o colosso da marcenaria, o ídolo-lenha amedrontando. Infinitamente pela palha, ou pela pedra profunda; que o fogo os leve. 

sexta-feira, 6 de maio de 2022

 

Dias loucos
Que é a verdade?
Números, pequenos diabinhos
e a Verdade: quem vence o duelo
Mar de letras em que nos metemos
símbolo dos diábolos,
a moeda bifacetada da história
Corpo vibra um silêncio além da fala
além do tempo contado
astropelado de oitomóvel

domingo, 1 de maio de 2022

 

Vem por aqui, dizem-me alguns
com olhos doces
esperando certos e seguros de que seria bom que eu os ouvisse.
Quando me dizem: vem, vem por aqui
Eu olho-os com olhos lassos
e há nos meus olhos ironias e cansaços
eu cruzo os braços
e nunca vou por ali
A minha glória é esta
é criar desumanidade em não acompanhar ninguém
porque eu vivo com o mesmo sem-vontade com que rasguei o ventre à minha mãe
Não não vou por aí
eu só vou por onde me levam meus próprios passos
Se vim ao mundo foi somente para desflorar florestas virgens e desenhar meus pés,
na areia inexplorada
O mais que faço,
é quase nada
Como pois sereis vós que me trareis machados, ferramentas e a coragem para cumprir meus obstáculos?
Corre nas vossa veias
o sangue velho dos avós
e vós amais o que é fácil
Eu amo o longe e a miragem
amo os abismos, os desertos...
Ide,
tendes estradas,
tendes tratados,
tendes filósofos,
tendes sábios, Eu
tenho a minha loucura
e levanto-a como um facho
a arder na noite escura
e eu sinto cântico nos lábios
- cântico negro
lido por maria betania
lembrado meio erra