Fico dividido ao estudar as contas do estado do Rio... De fato, a economia (o mercador, a troca) passa bem por aí: o ponto de vista dividido (como se o ponto de vista "envesgasse" ou focasse os olhos na linha d'água, na altura intermediária em que não se está dentro nem fora da liquidez) em que o gasto de um é a renda do outro, o custo de um é a riqueza do outro. E o "crescimento" passa bem por aí, o princípio genético está no atravessar de um lado a outro, de sair do dentro para o fora e atravessar o mercador e a liquidez da reprodução do dinheiro no tempo.
No Rio de Janeiro, porto de água. Escoadouro, estuário do leste sulamericano que se manteve unido e fortemente centralizado (como fez o leste da norteamérica, columbia), capital monárquica e republicana. Centro intelectual do continente, com suas universidades; polo independente, pequeno geograficamente, em relação aos vizinhos Minas e São Paulo, em relação ao jogo do polo nordestino de Pernambuco e Bahia, ou já na costa do norte, o Grão-Maranhão vizinho a esse sul-amazônico Brasil menos holandês. Uma Buenos Aires com repartição dos poderes: Rio São Paulo, e seu insulamento geográfico das corporações, das burocracias (assumindo que as empresas privadas também são burocracias - organizações racionalizadas (no sentido de Weber)).
Capital de mídia, e de políticos (ainda que completamente arrasada há décadas: palco de escândalos dessa pátria carnaval-sambo-futebolística noveleira verde amarela. Palco da histórica de uma imensidão territorial impressionante, das marcas de uma presença que depois se transferiu para um centro burocrático planejado (Brasília) em meio ao urbanismo concreto-automobilístico idealista da Barra e Recreio, da Cidade Universitária no Fundão...
Essa terra com a Baía de Guanabara (que teve ondas de 5 metros outro dia) e tantas praias praias praias (lugar amado) e sua Lapa.
Restam dois campos, no Rio midiático:
- o liberal sem nenhum projeto, só a "liberalização" cada vez maior
- o social querendo escolas e hospitais, salários, aposentadorias e o fim do regime de emagrecimento dos liberais. Que dizem "se soltou" sobretudo nos anos 1980, como a causa da inflação - a expansão do funcionalismo público, mal-compreendido como um papelismo irresponsável provocando vazamento infinito de ouro: criador da careza do câmbio (e a dívida externa, 1982, 1987, desde o choque do petróleo OPEP e dos bancos de Nova York). O culto liberal que se baseia num horizonte moral visto da cidade pequena - válido para a ação imediata de um indivíduo - mas perdido sem mapa numa terra de dinastias - pois toda economia, como reprodução, se trata de dinastias em territórios : o oikos é a casa - a propriedade rural - o grande Senhorio do Nomos, a administração racionalizada. Só que a ciência econômica necessita se basear também na ciência do Macro - a ciência da reprodução - o envesgamento de conseguir atravessar DOIS indivíduos em ambas as direções ao mesmo tempo - atravessar o conceito de mapa, indo de encontro ao X, o cruzamento (o mercador que faz a troca, a moeda que circula) o banco.
E muito da economia sendo levada por uma terceira coisa, nem social nem liberal. As dinastias de corporações, de oligopólios e estamentos sociais - num espaço.
O estado do Rio, ora brincando de vender o fornecimento de água, num país em que o crescimento se tornou a aposta completa no pólo liberal, sem nenhum outro.
Por que não vinculamos os lucros do pré-sal à CEDAE, e pronto? Por que não vinculamos o endividamento do estado, a longo prazo e com boas condições de pagamento (juros subsidiados), para investimentos na CEDAE? Se temos Banco Central independente, por que não CEDAE independente? Pública e independente? Pegando dívida para essa instituição (o Banco Central, a Cedae) requisitar o "ouro" do público (da república, a coisa pública que engloba as privadas (os oikos))
Acusam de patrimonialismo: patrimonial é o domínio do patrimônio (em oposição ao eixo matrimônio da reprodução corporal) da reprodução do capital (no limite, o ouro, o banco); vem do patriarcalismo histórico (herdeiro dos domínios paternos sobre os filhos, instituída a patrilinhagem da genealogia); patrimonialismo seria a extensão desse domínio privado sobre o alheio (a invasão da coisa pública). Curioso ser um conceito de invasão - de atravessamento - de cometimento do pecado que a economia liberal (cega ao mercador, e ao atravessamento que a moeda faz) e portanto umbilicalmente necessário (se me permitem a expressão) à reprodução patrimonial, e portanto econômica das classes produtoras.
Identificada a patrilinhagem no discurso (e seu vício monetarista, em seus mitos sobre o verdadeiro "ouro") no parágrafo acima, basta executar o procedimento materialista (no sentido originário, trimegisto) de se transferir à linhagem matrilinear (envesgando as narrativas individuais, trançando o tecido da genealogia econômica, atravessando cada gasto ser uma renda, de uma mão para a outra: em uma palavra, enxergando, realmente, a moeda que temos nas mãos (é tão difícil olhar realmente para ela, numa palavra: flagrá-la))
E não é a água, o futuro?
"Tudo é água" Tales de Mileto
E na liquidez (eu mergulho) dos ativos, das ações, dos capitais investidos - os capitais "sociais" das empresas, essas represas, esses oikos - momentos de repouso da moeda em sua circulação por espaços estanques - os patrimônios...
E para os que enxergam a cunhagem das moedas (que vem antes das impressoras de "papelada"), o artíficio da Cunhagem é antes Metalista (e não especificamente "ourista"); a Metalúrgica (e hoje a química, a plástica, a híbrida, a mineral, a agrícola) a criação de ouro através do tempo (ouro, como um pólen fecunda, um vírus que vem do alto e se reproduz na matéria, mas voltemos à matrilinhagem) e de onde, senão de escolas, hospitais, de autonomia da água, de garantias humanas nesse futuro inóspito que se apresenta? Das verdadeiras "indústrias" que o futuro do "desabamento" vai demandar, na nova fase humana que se anuncia, os tempos da hiperindustrialização em meio ao cataclisma... Os mares vão subir, porra!!!
E dito isto, para onde largaremos desenfreadas as energias produtivas do nosso povo? Senão na água e no saneamento?!!
O poderio do Brasil em termos de atingir objetivos nacionais é impressionante, ainda que os "objetivos" fiquem mudando e a nação se perca louca no tempo atingindo miragens com sua fúria produtiva e criativa (enquanto mal consegue conter a fera, a figura ultra-polinizada do capital desenfreado, do invasor (e não do mercador) do oikos, da abolição contrária (ao atravessamento genético do mergulho patrilíneo na matrilinhagem), do princípio mortal, letal (em oposição ao princípio materialista, matrilinear)
O SUS é imenso, globalmente falando
E o "Globo" só tem províncias (o mapa, como a tela, é plano, senão seria maquete 3d (trimegista triângula trimétrica))
Atravessamos o globo como o sol
Façamos a luz (que se faça a luz) acenda um fósforo FIAT
Façamos a luz atravessar a noite reencontrando a raiz astronômica da palavra nomia (essa autonomia)
economia: autonomia e gastronomia (crescimento interno e invasão mercadora) em um mapa astronômico (o território terra corpo aqui agora; a economia existe, antes de mais nada)