sábado, 13 de março de 2021

O SOL É PLANO

Nunca sabemos o que estamos dizendo: pensei duas vezes, falei três, e ainda não sei. A língua é um laboratório: faço planos e mais planos por entre minhas orelhas, piscando olhos, imaginando. Sonho sonhos. Turbilho tudo que recebo no meu turbilhão. E então experimento: a língua é um laboratório: boto palavras no mundo, sem saber o que dizem: cada frase que profiro é um teste.

Estamos sempre rumo ao desconhecido, não há o controle. Se o tempo é um círculo, que imenso é o círculo em suas voltas. Irrompendo minha linearidade imposta a tudo.
Não há equilíbrio, nunca há. A ioga foi traduzida errada: nunca se trata de encontrar uma perfeita neutralidade, imparcial eixo por sobre os pratos da balança. Nunca se trata de parar: não há equilíbrio. Só existe o desequilíbrio: estamos vergados, galhos vergados sob o vento do tempo, carregando-o, adiante. E cada passada de segundo é um desequilíbrio: eu respiro, eu penso, eu sinto existo ando grito
Converso despejando experimentos, ouso, especulo: sou um grande apostador de ideias - sou um grande espectador desta arena de ideias, desfruto vendo-as se digladiarem, irromperem de suas cavernosas mentes à luz da fala. Que querem dizer? Querem algo? Ou só rebentam e espatifam no ar, como um jorro de frases encadeado, enquanto me empolgo, o sangue me aflui à face, engatilho raciocínios vívidos. Tento de tudo para convencer. Eis o teatro
Eis a arena dos malabaristas caindo
Só há o desequilíbrio (não tem nada no centro do círculo)
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andré aranha

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