domingo, 21 de novembro de 2021
A montanha
sábado, 20 de novembro de 2021
De volta
terça-feira, 9 de novembro de 2021
Do nariz
Vacinado, encontro amigos, tiro a máscara, patati patatá entre cuspes e lambidas, eis que sinto frio no nariz.
quarta-feira, 3 de novembro de 2021
Números, números, pequenos diabinhos. Mergulho nos números ao longo de meses, incontáveis. Olhinhos zonzos das tabelas, gráficos e proporções. Sair dos números como quem volta de um país sem língua, sem ar, sem sol, trazendo minérios profundos. Enfrentar a massa de números como quem arruma um quarto atulhado de roupas e cobertores, dobrar e passar, enfileirar, conter. Conter os números, conter seu caos de vírgulas e múltiplos! Como um eletricista, e seu emaranhado de fios, por horas procurando o mais amarelo: como um cozinheiro, enchendo de tempeiros e provando o gosto, da sua sopa de água e pedra. Números números, imagino um gráfico perfeito mas quando o faço - elegante mapa do tempo e da verdade fria - me pergunto: haverá no leitor o fôlego de nesses números também entrar, quererá o leitor essa página recheada de somas e porcentagens, ignorará ele tudo que digo, em nome de seus preconceitos e caprichos, em nome de sua verdade sem números, seu amor às coisas brutas inúmeras, sua incontabilidade nata, seu desprezo pelo ábaco e pela régua, sua religião da razão apolínea que se ergue sobre o mundo como um deus, ignorando os pequenos labores do número? Ignorando a fita métrica e o alfaiate correndo de parte em parte com seus ajustes e rabiscos... Números, números: mergulhar as mãos neles como quem as mergulha na lama, amassando o caldo numa faina tão humana, enchendo-lhe de perguntas e pequenos amores aos seus contornos e humores tantos.