sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

PLACEBO

Nesse século que entra, nessa quarentena que se afirma, nessa nova era que se abre - e eu digo, e reafirmo, que o covid é o marco dos novos tempos, o empurrãozinho para tornar onipresentes, desde já, as questões que vamos passar o século, o milênio enfrentando - e esse XXI é o século da ansiedade; é o século da doença mental.

A crise de saúde pública é uma crise de saúde mental pública - isso já sabíamos, já foi apontado. Pois a medicina chega ao limite, em sua alopatia desenfreada, sua narcotização de saídas fáceis, sua drogadição legitimada. Tecnicalizada, sob funcionários burocratas, psiquiatras e toda a pirâmide da alopatia desenraizada "a cabeça quer ir viver sem o corpo" perdendo o caminho da cura, que é o todo. Pois a doença da mente é a doença do corpo (o que está no alto é como o que está embaixo).
Nessa quarentena para mim, foi um aprendizado doído, e ainda é: mas estou mais ciente, caíram as máscaras do novo século (espero). Já tive doenças digestivas, dentárias, o meu peito se apertou de dificuldade de respirar, e crises de frio, e travar a lombar e inchar articulações: e tudo se apresenta como um santo baixando numa geografia anatômica: um demônio baixando, a doença: e que pode virar um curto-circuito, ciclo vicioso se realimentando de ansiedades. Mas eu descobri, a raiz é na alma.
Minha alma minúscula, minha alma onipresente, o debate é sobre reencontrar a calma, a única que não está presente no novo milênio. De primeiro, amar o sol e brilhar a saúde é saber o mundo bom e abraçar a si, ser. Está bem.
E de segundo: não há, de antemão, a doença; ela é um embate uma construção, que pode ir para qualquer lado e pode ser encurralada ou se espalhar: o ato de conhecer é o ato de co-nascer sujeito objeto, é o ato de fazer o fato se precipitar de sua nebulosidade vaga do não-sabido. E esta transmutação, esse afloramento do invisível, tem mil rostos possíveis que pode tomar. Há mil fatos possíveis, só um será verdadeiro, depende do caminho a trilhar.
Jamais fomos modernos, jamais desencantamos o mundo; encantamo-lo com essas máquinas difíceis, com que não sabemos lidar, e essas máquinas de pessoas - o conhecimento burocratizado, a educação da letra morta, a repetição de conteúdos desalmados - que não vemos, andamos tão cegos. Andamos tão tanto impossível de gigante de auto-cegos, ignorando a proliferação de espíritos poderosos. Ainda no conto moderno da navalha ontológica que separa o científico do pagão. Objeto e sujeito se reencontram no ato de nascimento, o ato de movimento, o afloramento do invisível sem destino pré-determinado. Ah,
Albatroz Aranha, novamente crendo no construtivismo científico (latour) como a única epistemologia capaz de salvar a razão do seu dogmatismo autodestrutivo e reenraizar a cabeça, no corpo

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