domingo, 13 de setembro de 2015

Ar
O sonho é uma realidade paralela... é o verso verdadeiro dos lugares. É onde descobrimos coisas, contato com deuses...
O prédio tem seu duplo no sonho, que se impõe a todos. O terraço do meu prédio, aquele chão sobre a nossa morada ao céu livre, nosso aulé - a origem da palavra aula, o terreno aberto ao céu - o aulé das nossas casas empilhadas. Esse aulé tem um duplo no sonho, ao qual voltamos em várias noites e que ressoa nas nossas raras idas àli.
Acordei e havia estado num lugar que já visitara noutras noites. Lugar poderoso, do elemento ar. E este sonho foi regido pelo elemento ar, que rege em mim toda uma cadeia de faces. Não querer ficar em lugar fechado. Amar o aberto. Ventiladores maravilhosos.
Podia voar, e o vôo é sempre difícil, às vezes subo, às vezes mal saio alguns palmos do chão ou só nado na atmosfera, preciso estar com uma confiança precisa no ar, na leveza. Estar regido pelo elemento.
Mas nesse sonho subi até o topo levando amigos subi reto, sem vento, só correntes de gravidade. Correnteza de gravidade. Pegar o elevador com meu amigo gui e dentro dele voar reto para cima, os andares passando aos milhares até de repente inclinar o percurso, e o cubículo do elevador se expandir em uma esfera. Levei o gui lá em cima, arrebentando os tetos até esse terraço imenso, o topo do prédio com vários níveis de terraço. Enormes construções de concreto que se erguem depois das nuvens em arquiteturas gigantescas, e voar ali no meio (voar é tão perigoso,é algo com a respiração, o frio do umbigo).
Acordei saudoso da realidade, da boa nova. Lembro já ter visitado essas arquiteturas sobre o prédio, imensas e desertas, cidade de deuses... enormes galpões da cobertura, vazios enormes gigantescos subindo até o topo do céu e a terra apequenando e ficando um globo lá embaixo e o céu de repente se dobra em abóbada ao nosso redor cheia de furos redondos, colcha furada do fim do universo onírico, e entrar num furo seria sair para outro real - no planeta do sonho universal não existe espaço sideral, é algo mais primevo, elementar, há o céu e fim.
Escolhemos descer dali do mais alto topo e vamos por um efeito de lentes saindo por dentro das cenas do topo da hierarquia dos poderosos / numa festa dos muito ricos o primeiro-ministro cheirando pó. De dentro do elevador esfera, tamos entediados lançando bolinhas de tênis dentro de trilhões de espelhos que caem na câmara presidencial ora toda esburacada por estes portais, nós zombando deles e a côrte dos dominadores em reunião de emergência, desarmada.
Descendo do topo do céu além-prédio, descobrir um palácio redondo de muitas portas, as sacadas dos andares voltadas para dentro para esse vão cilíndrico que elas contornam em espiral: mesmo palácio que os reis, luís XIV e tal, visitavam em seus sonhos há tanto tempo; ora esquecido, abandonado. As portas dão em galerias de bichos, de insetos, ou estão vazias, abertas... e em alguma delas estão guardados os antigos pactos antigos acessos simbólicos ao elementalismo do mundo (os deuses são a superfície dos elementos acionados em chaves com os livros do mundo).
E nesse lugar do sonho universal, o palácio das portas esquecido, os reis foram e fizeram pactos profundos que ora operam perdidos, alianças, anéis pulsando dentro de certos quartos no verso noturno do mundo. E num repente vejo aquele amigo taroísta apontando o Stromboli elétrico-demoníaco em que se colam caracóis, conchas, os fluxos de energia magnética (e vejo as dobras rosadas de sua pele de porco).
Falta forjar o anel profundo que está rompido, fundir um pacto muito profundo nas entranhas do solo do inconsciente universal e trazer à superfície da consciência o anel, a ligação evidente, a união entre noite e dia. Esta operação profunda, elemental na fusão da união que está rota, li no mago de terramar há 17 anos, sou eu.
Gosto bom de enfrentar o leviatã pelo símbolo: e o sonho não é real? se luto nele a grande batalha da primavera e volto purificado e certo nas energias, trago comigo efeitos reais da jornada onírica para o dia.
Poderosa visita à pirâmide incal branco onde vivo.
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Albatroz colhe andré ar

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