buscando a babá, como uma nova fronteira (descabaçar essa relação, descobrir essa nova droga, idealizada como um tempo infindo, como um retorno à vida sem cordão umbilical - vamos descobrir logo seus limites, seu grandesíssimo pesar, sua presença política acachapante) mas como é presente a demanda dos outros, de uma babá para aguentar seu não-sono, suas mamadeiras noturnas, seu descalabro no escuro
mas meu filho, será que fomos nós, isso? gosto de achar que sim, que não é só sorte na roleta da parentalidade - que existe, que é um caos (o que é o caos, o que é a sorte, como são ousados esses conceitos que tomamos como o grau zero da crença) - gosto narcisicamente (em tantos níveis) de achar que foi a relação paterna de impedir o vício no mamá noturno, de estar o pai a acalentá-lo em vez da mãe, sem o peito gotejante, "jorrando leite e mel", só vamos dormir e pronto. será que foi isso? e a rede, que os antigos queridos me insinaram lá onde fui? quando ele era um fejãozinho na barriga de mãe, a tormentá-la?
buscando a babá, quanta coisa penso ao redor de meu filho: se está ficando mimado, mesmo que inda seja apenas um molde sem quase humano ainda formado, se estão surgindo-lhe as sombras más, e preciso podá-las, se como é essa criação, a criação do mundo, que é criar, verbo coletivo e reflexivo, verbo que nos atravessa (não há sujeito, os verbos se conjugam antes da gente existir, e é sobre eles que a gente vai... eu ia dizer ossificando ou precipitando como metáforas, mas vendo aqui de frente um processo genuíno e tão rápido, posso ser mais preciso: nós vamos chegando, assumindo uma forma, tomando rosto...)