sexta-feira, 10 de março de 2023

Mas qual o sentido disso tudo?

Não é sobre sentido, o sentido por detrás é descolado da matéria, é decolar. Queremos a matéria, o materialismo/matrialismo. Ficar apenas no concreto, como um texto sem objetivo. Não atravessar. Fazer frases inúteis, que se interrompem.
Achar que a língua é muito simples, é como uma matemática de letras, queremos voltar a uma língua mais simples.
Simplesmente aqui, há a materialidade de conter, de prender algo. Pense no gesto com as mãos, de conter. E soltar, liberar. Esta é a letra C. A matéria se dá em corpos. Descrevê-la, a matéria, a língua, em sua obviedade. A letra M leva à letra C.
Há a emissão de uma coisa, lançar, um corpo que expulsa outro, seja um parto seja um pai. A letra P. E a conexão entre corpos, um fio, um cordão umbilical. Um canal de M. Ambos fios, Ps e Ms entre os corpos, formam a letra R em suas ramificações.
Há um chão sob tudo isso, que o chão é muito concreto, muito presente. A letra T.
E eu, meu corpo (e o seu) tem um alcance, até onde a vista alcança, até onde chego, de até onde recolho. Seja um limite, uma borda externa. Ou minhas terminações difusas, quando o corpo se dissipa em dedos, em cabelos. Meu tamanho, esse corpo, o tamanho de cada corpo da matéria. É apenas um tamanho, em meio à escala, à multiplicidade que apaga a individualidade P em uma massa M. É a letra F.
Ver isso não só como um gigante, mas também como um grão de poeira. O tamanho, o alcance, a escala tem uma presença material impressionante. Quem é mais alto. Uma hierarquia de R. É a letra L.
Há um dentro e um fora, e a divisória... e vamos construindo assim, e nesse caminho vamos encontrando muito do que chamávamos de SENTIDO anteriormente. Mas não precisamos sair da matéria para encontrá-lo, pois ele mesmo é material - não está atrás, é ela própria: a matéria é o sentido dela mesma. A língua é a matéria, são palavras mágicas antigas, que esquecemos. Ao colar a sombra no corpo, retomar a matéria. Retomar a letra T: o nosso tamanho correto, que se perdeu nas alturas da letra L. Nada há na mente transcendente, somente o aqui e agora existem: e dentro deles, tudo. Eis o mundo.