quarta-feira, 5 de julho de 2017

 "... e (3) hostilidade invariável para com a burguesia e a Igreja.

Este último ponto, embora o menos preciso, era também o mais importante.
Os anarquistas constituíam o oposto da maioria dos chamados revolucionários, pois embora seus princípios se mostrassem bastante vagos, seu ódio ao privilégio e à injustiça apresentava-se com autenticidade.
Pelo aspecto filosófico, comunismo e anarquismo são pólos opostos. Na prática, isto é, na forma de sociedade visada, a diferença está na ênfase, mas é de todo irreconciliável. O comunista confere destaque sempre ao centralismo e à eficiência, o anarquista à liberdade e igualdade.
No curso dos primeiros dois meses da guerra de 1936 na Espanha, foram os anarquistas quem salvaram a situação, e muito depois disso a milícia anarquista, a despeito de sua indisciplina, constituía sabidamente os melhores soldados entre as forças espanholas. "
"De um modo geral, a federación anarquista ibérica era a favor de:
(1) controle direto sobre a indústria exercido pelos trabalhdores empenhados na mesma, como nos transportes, tecelagens, etc.;
(2) governo por comitês locais e resistência a todas as formas de autoritarismo centralizado;..."
George Orwell
Homenage to Catalonia, 1938
(pode ser baixado gratuitamente em we.riseup.net/subta/lutandonaespanha)

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

 dois + zero + um + sete

= um zero
= 1, ano um
Ontem espiava uns papéis antigos e vi em 2015 esse anúncio do fim do lar natural.
Dois anos atrás, escrevi para mim mesmo que iniciava a era nômade. Metamorfose. Abertura duma nova carta. Como ocorrera sete anos antes, iniciava um momento cinzento. A lua nova, sem luz; o ponto zero entre os ciclos.
Saída do lar natural, novos lares. Saída dos pais, que mudaram para longe.
Agora fechou aquele ciclo.
Fim da faculdade, de ser aluno, numa academia. E das suas extensões: terminou o emprego na economística. Fui assistente de pesquisa, e sorvia o grande conhecimento, na fonte, passivo. Só nos últimos meses comecei a balbuciar algo novo. Pedagogia. Educação econômica. Dizer o que aprendi, sem jargão, sem nada, simples. Educação, pedagogia; que é a redescoberta do conhecimento. Reaprendizagem.
Só não me chamo mais economista, só não me chamo mais nada. Livreiro. Livrista. Livro.
Ano estranho que se abre.
Uma nova carta: já principia com um tombo. Generosa lição da cachoeira: atente mais, que é cuidado. Semana depois a máquina me mordeu. Enorme engenho de rodas polias engrenagens, enganchou o meu dedo, pinçou ele, deu uma esmagada assustadora. Mas não quebrou. Obrigado pelo susto. Vou estar mais atento.
Tentei voltar a fumar mas já de cara percebi o caminho. Não rola. O lento aprendizado do ano passado, continua em vigor. Estou aberto demais.
2016, foi ano nove, ano de fim de ciclo. Nove novo. Fez um belo esboço de vida nova, pra se impôr contra o ciclo que terminava. Mas agora, o esboço continua, e se afirma. E o passado desmancha.
Agora ano um, não tenho visão do alto, não tenho nada. Como espuma no mar, meus antigos eus se desfizeram. Não sou um economista poderoso. Não sei o que sou. Me desenxergo. Desfaço: saí do mapa. Planejei, já há tanto, essa guinada. Fiz o triângulo favela-arte-academia, construí ele, fiz ele girar e fundir. E agora ele ficou para trás. Vivo num pequeno espaço que cuido como uma plantinha crescendo. Vou a pé pra lá e quase não ando de máquina. Cuido da casa, com telhado e planta pra regar. Escrevo e cuido da casa.
albatroz, andré & aranha