Se para os músicos pode parecer um desafio, subir sozinho ao palco, tocar quatro músicas, e a voz não tremer; e logo ao sair ver outra pessoa passar pelo mesmo, e sentir o contraste entre um e outro; se para o músico que se expõe ali, nu, confuso se se opõe aos outros, ou se com eles forma um todo maior, uma grande sinfonia, de seis movimentos, e com quatro temas cada; ou se quando ele tocou, ele foi meramente uma introdução, a abertura para o show do próximo enquanto chegavam os convidados; ou se ele foi o desfecho, ou um respiro apagado entre as duas impressões mais fortes que seus pares passaram; ou se é ele realmente a pérola, o brinco, a jóia que nos faz ter valido a pena o ingresso e a noite investidas; se para o músico, enfim, pode parecer um desafio, menor não é o desafio para o público.
A questão é que nós, a plateia assentada, não estamos acostumados a ser arrebatados tão rápida e seguidamente por diferentes frentes sonoras. Demonstração de possibilidades; e se um mesmo cantor exibe sozinho quatro faces opostas ou se as quatro canções aprofundam num mesmo e único sentimento, quando estamos mais imersos e nus em sua pessoa, e prontos a escutá-la mais uma hora - já entendi quem ela é e se gosto ou não e como - eis que ela deixa o palco, e abruptamente lhe substitui uma outra voz, um outro instrumento, e de novo o processo recomeça. E mais quatro músicas, e de novo, e mais quatro, e de novo o choque inicial: uma nova possibilidade, outra pessoa, outros sentimentos se erguendo sobre os ecos que a anterior forrou no salão, e que mal cessam de se extinguir, são redescobertos.
A questão é que nós, a plateia assentada, não estamos acostumados a ser arrebatados tão rápida e seguidamente por diferentes frentes sonoras. Demonstração de possibilidades; e se um mesmo cantor exibe sozinho quatro faces opostas ou se as quatro canções aprofundam num mesmo e único sentimento, quando estamos mais imersos e nus em sua pessoa, e prontos a escutá-la mais uma hora - já entendi quem ela é e se gosto ou não e como - eis que ela deixa o palco, e abruptamente lhe substitui uma outra voz, um outro instrumento, e de novo o processo recomeça. E mais quatro músicas, e de novo, e mais quatro, e de novo o choque inicial: uma nova possibilidade, outra pessoa, outros sentimentos se erguendo sobre os ecos que a anterior forrou no salão, e que mal cessam de se extinguir, são redescobertos.
O desafio da plateia então é não inundar, não sobrecarregar e ter que sair para tomar ar. Buscar o silêncio para ouvir as últimas notas reverberarem na alma, no gosto na memória... E por mais que do outro lado das portas o show continue, outro músico, outro arrebatamento, já não consigo entrar: que dá mesmo microfonia em mim.
O título "4 por cabeça" talvez tenha então um significado segundo. Há muito sei que a música não é só uma gravação sonora: ela se faz, música, em pessoas ao vivo tocando, pessoas de sangue vermelho e uma vida a vibrar orelhas pela melodia. Essa noite então, primeiro uma pessoa nos invade, e a segunda, e a terceira... Olha, nas duas edições, das 6 pessoas que tocaram, eu me dei por repleto até a borda e só aguentei receber foi 4. 4 por cabeça. É que 4 é o limite que minha alma permite, diapasão de quatro faces. 4 por cabeça; talvez cada pessoa que vá, cada cabeça, chegue ao final atendida pelos quatro lados, e enfim, centrada em si, abra-se a todo o som e vida que encontra nesse dia bem-vindo.
Obrigado santiago, por essa noite; com quatro almas na cabeça, soando. Norte Sul Leste Oeste. E vamos ao boa pinga.
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Alfarrábio Aranho, André