A BAUHAUS (casa da formação)
1919 - por Gropius, 36
1919 - por Gropius, 36
O progresso da técnica mostrou como uma forma de trabalho coletivo pode conduzir a uma produção total maior do que um trabalho autocrático de cada indivídua.
O artesãpa tornou-se com o correr do tempo um apagado decalque daquela vigorosa e autônoma representante da cultura medieval, que dominava toda a produção de seu tempo e era técnico, artista e comerciante em uma só pessoa. Sua oficina migrou para a fábrica, deixando-lhe não mais do que uma loja. O processo do trabalho escapou-lhe da mão e elha se converteu unicamente em comerciante sem contato com a matéria, atrofiadua em uma natureza parcial, incompletua. Perdeu a capacidade de formar discípuluas; as jovens aprendizas foram deixados às fábricas onde a mecanização lhes embotou os instintos criativos e tirou-lhes a alegria do trabalho.
A indústria continua a lançar no mercado um sem-número de produtos mal ENFORMADOS, enquanto es artistas (e outras inventores de utopia) lutam em vão para aplicar projetos caros, pouco versáteis, pouco flexíveis. Os artigos produzidos mostram apenas nuanças decorativas de tendências cambiantes de gosto, sem o sentido estrutural que brota do conhecimento dos novos meios de produção.
Propomos arrancar a artista criador do seu distanciamento do mundo e restabelecer sua relação com o mundo real do trabalho. O campo de atuação do artesãpa tornar-se-á parte orgânica da unidade de produção da massa. Propomos insuflar sentido direto e vida no produto de massa e no lar, na maquinaria prática da vida. Desrobotizar o indivídua.
A base dessa formação é um curso preparatório no qual se visa desenvolver a humana inteira que, a partir de seu centro biológico, possa encarar todas as coisas da vida com segurança instintiva e esteja à altura do ímpeto e do caos de nossa Era Técnica. Só quando se desperta cedo uma larga compreensão para as cambiantes relações dos fenômenos da vida se pode oferecer uma contribuição própria ao trabalho criativo do seu tempo.
Após o preparatório, cada estudante trabalha em uma oficina, onde estuda com uma mestre de artesanato e uma de projeto industrial. A meta principal é produzir artigos padronizáveis. Embora os modelos sejam feitos à mão, uas projetistas têm de fiar-se nos métodos de produção em escala industrial e por isso passam por um período de trabalho prático nas fábricas. Inversamente, as fábricas enviam às oficinas trabalhadoruas experientes a fim de discutir as necessidades da indústria.
Todas as produções denotam um certo parentesco: constituem resultado de um espírito coletivo desenvolvido consciente ou inconscientemente, que se cristaliza nas personalidades mais diversas. Esse parentesco se baseia na necessidade de produzir coisas de um modo simples, autêntico, em concordância com suas leis. As formas não são o resultado de modas, mas a combinação artística de inúmeros processos de pensamento e trabalho no domínio técnico, econômico e da criação formal.
A concepção da unidade fundamental de toda criação opõe-se diametralmente à ideia da arte pela arte e à filosofia ainda mais perigosa da qual ela se origina, do negócio como um fim em si. Propomos gerar esse novo tipo de colaborador industrial, que reúna em sua pessoa as peculiaridades dua artista, do técnica e da negociante. Levar as aprendizas a um contato íntimo com os problemas econômicos. Contra a ideia de que a capacidade artística possa sofrer se lhe aguçarmos o senso de praticidade, demora, incerteza e desperdício de materiais.
A criação é um grande gasto livre, mas quando pronta, finalizada, pode ser feita em massa, medida barata a toduas. Descer a escala do dinheiro, desconcentrar para proliferar o bom produto. E assim fundar uma gramática da forma e da plasmação da forma. As figuradores, projetistas, enformadoras (dedicadas a enformar - dar fôrmas - ao mundo), devem aprender uma linguagem da forma: a base que venha guiar a mão plasmadora e permitir que as unidades produtivas trabalhem em conjunção harmoniosa. Como na música, onde o contraponto é um sistema supra-individual de coordenação no mundo tonal. O desenvolvimento dessa teoria pela academia malogrou porque esta perdeu o contato com a realidade.
- Albatroz André Aranha